Desde a última sexta-feira, dia 7 de dezembro, o Centro Agroindustrial da Gameleira, presídio de regime semiaberto de Campo Grande, conta com a instalação de duas fábricas em suas dependências que empregam mão de obra dos presos do próprio estabelecimento penal. Também foi inaugurada uma sala de atividade destinada ao desenvolvimento de um projeto que cuidará dos internos que são dependentes químicos.

Conforme o juiz titular da 2ª Vara de Execução Penal, Albino Coimbra Neto, a instalação de fábricas que geram empregos dentro do próprio estabelecimento penal faz com que se tire do papel o que está previsto na Lei de Execução Penal, ou seja, a regra estabelece que os presos trabalhem dentro do próprio estabelecimento e, somente como exceção, fora da unidade prisional.

Segundo o magistrado, o trabalho que teve início ao longo deste ano de 2012 buscará que todos os presos desenvolvam suas atividades profissionais sem precisar deixar o presídio. Conforme ele, trata-se de uma realidade praticamente inédita no país, isto porque em boa parte o sistema é falho, ou seja, o regime semiaberto não funciona como deveria ser, superlotando o regime fechado ou então deixando que muitos cumpram sua pena sem o devido rigor na fiscalização, retornando ao presídio apenas para dormir.

Uma das fábricas que começaram a funcionar na Gameleira foi a Ouropiso, que produz pré-moldados em concreto. De acordo com o proprietário Luiz Nogueira, inicialmente a produção diária será de 200 metros quadrados de pisos diversos, contando com a mão de obra de 20 detentos. A meta para 2013, segundo ele, é iniciar com a produção de 400 metros quadrados de piso ao dia e logo mais triplicar a produção, com expectativa de gerar até 150 empregos para os presos da unidade prisional.

A Itália Ferragens também começou suas atividades na sexta-feira (7), empregando inicialmente 15 presos. Outra fábrica que já está se instalando na unidade é a de manufatura de crinas de cavalo que servirão para a fabricação de escovas, vassouras e produtos derivados. Praticamente toda a produção é exportada para a Alemanha.

Também estão se instalando na unidade penal uma fábrica de portões de elevação, outra fábrica de carteiras escolares e já está em atividade uma empresa que fabrica cadeira de cordas. Além disso, uma empresa de salgados diversos da Capital irá se instalar também na Gameleira a partir do início de 2013.

De acordo com o diretor da Gameleira, Tarley Cândido Barbosa, o índice de foragidos do presídio está muito baixo, para ele, um dos pontos fortes para isto é a manutenção de um ambiente propício para a reinserção social, onde é oferecida aos reeducandos uma nova oportunidade de viver dignamente.