Assim como o antecessor Ricardo Teixeira, José Maria Marin acumula as presidências da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa. Ele também se sente incomodado com assuntos espinhosos relacionados às duas entidades, especialmente os que envolvem o governo federal. Mas, ao contrário do último presidente, ele fala sobre temas polêmicos, mesmo que seja para se eximir de responsabilidade.

É o que ocorreu nos casos da obtenção de isenção fiscal pelo COL e no lobby que é feito para tentar barrar a CPI da CBF no Congresso, em um pedido do deputado Romário (PSB-RJ) – o objetivo é investigar contratos de patrocínios da entidade em que há intermediários. O cartola negou ter participação nos dois episódios.

O comitê organizador obteve benefícios fiscais por conta do governo federal no final de novembro, atendendo termos da Lei Geral da Copa. Mas isso foi uma quebra da promessa feita por Ricardo Teixeira, que, por escrito, se comprometera a pagar todos os impostos. Detalhe: isenção de tributos só é dada pela Receita Federal quando um dos órgãos ligados ao Mundial pede para ser incluído na lista.

“Da minha parte não houve o pedido. Não fui eu. Não sei quem pode ter feito”, afirmou Marin. Há duas possibilidades: a Fifa pode ter feito a requisição sem ouvir o COL, já que é a entidade quem paga suas despesas, ou um funcionário do comitê demandou a inclusão na lista sem comunicar o presidente da entidade.

Mais envolvido com a seleção brasileira, o presidente da CBF também negou ter qualquer participação no movimento para tentar impedir a comissão de inquérito sobre a confederação de futebol. A “Folha de S. Paulo” noticiou que Marin solicitou a aliados que tentassem barrar a investigação no Congresso.

“Não fiz isso. Tenho viajado muito”, observou Marin. Romário já conseguiu as assinaturas necessárias para a instalação da comissão, mas há a possibilidade de parlamentares retirarem seu apoio. A CPI está em uma fila dentro do Congresso, na qual há outras que podem ser instaladas anteriormente. “Estou tranquilo com isso”, completou o presidente, dizendo não ter medo da investigação.

Marin, sem dúvida, é mais solícito que seu antecessor. Mas fica claro o seu incômodo com os dois assuntos. Quando surgem essas questões, é educado, aperta a mão do interlocutor, mas acelera o passo.