A Praça Yasser Arafat, no centro de Ramala, explodiu em júbilo após conhecer os resultados da votação na Assembleia Geral da ONU que aprovou a aceitação da Palestina como Estado observador não-membro no fórum multinacional.

Cartazes que pediam o retorno dos cerca de seis milhões de refugiados palestinos, mostrando o mapa da Palestina histórica e a chave, símbolo dos que se foram após a criação do Estado de Israel, em 1948, adornavam a praça.

Centenas de pessoas acompanharam com atenção através de um telão o discurso do presidente Mahmoud Abbas, que pediu ao mundo que “emita uma certidão de nascimento para o estado da Palestina”.

A multidão aplaudiu, gritou e se abraçou para celebrar o que muitos consideram um pequeno passo no longo caminho rumo à independência e ao fim da ocupação israelense.

Momentos antes, os presentes aplaudiram o discurso de Abbas, ao mesmo tempo em que agitavam bandeiras palestinas, cartazes com a foto do presidente e bandeiras amarelas do movimento nacionalista Fatah.

Milhares de palestinos seguiram o plenário na ONU colados em seus televisores na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.

“As coisas vão mudar porque todo o mundo está nos reconhecendo. Até agora éramos uma terra ocupada e agora pelo menos temos um Estado, embora Israel siga fazendo o que quer conosco”, declarou à Agência Efe em Ramala Hanim el Hashra, funcionária de um laboratório de 32 anos.

“Ainda não é o que queremos, mas espero que seja mais um passo para podermos ser livres e independentes algum dia”, acrescentou.

Muito mais cético se mostrou Adam, oficial de polícia também presente na praça, que assegurou que “nada vai mudar porque todos os grandes países estão com Israel”, embora considere que, de todos os modos, a iniciativa desta noite é boa para os palestinos.

“Pensamos que quando (Barak) Obama ganhou as eleições haveria muitas mudanças, mas nada mudou”, lamentou.

Também tem suas dúvidas sobre os benefícios do reconhecimento internacional Mayala, uma desempregada de 36 anos que seguiu atenta o discurso com seu filho de três anos sobre os ombros.

“Não gosto dos políticos, trabalham para eles mesmos, não para o povo”, declarou, embora não tenha perdido a esperança que Abbas, de quem gosta muito menos do que gostava de Arafat, “trabalhe duro e consiga algo que seja bom para as pessoas”.

O telão na praça não transmitiu o discurso que seguiu o de Abbas, o do representante israelense na ONU, Ron Prosor, que disse ao líder palestino que ele não controla a metade do território que pretende seja considerado um Estado.