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‘Padre’ dono de casa de swing pede votos com diabinhas

Mais conhecido como Padre Roque, ele é dono de uma das mais famosas casas de swing da capital gaúcha, o Sofazão
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Mais conhecido como Padre Roque, ele é dono de uma das mais famosas casas de swing da capital gaúcha, o Sofazão

“Te prepara porque tem muita sacanagem, mas não é nada do que vocês estão pensando. É bem diferente”, avisou Roque Rauber, 71 anos, candidato à Câmara Municipal de pelo PDT, ao ouvir a proposta da reportagem do Terra de acompanhá-lo em uma tarde de campanha. Mais conhecido como Padre Roque, ele é dono de uma das mais famosas casas de swing da capital gaúcha, o Sofazão.

Afastado da igreja desde os anos 70 e casado, Padre Roque recusa-se a abandonar o título católico. Sustenta que “uma vez padre, sempre padre”. A bordo de um ônibus – o mesmo que usa para fazer propaganda de seu estabelecimento – ele percorre as ruas da cidade, acompanhado de duas “diabinhas”, distribuindo santinhos e provocando quem passava pela rua. “Dessa forma, eu atinjo muito mais gente. Tu acha que isso não dá voto?”, perguntou, após uma de suas assistentes brincar com um motoqueiro que passava. “O povo quer isso, panis et circensis”, completou.

Antes mesmo do ônibus deixar o ponto de partida, um homem se aproximou do veículo e disse: “mas essas diabinha são só do padre? De acordo com a igreja católica, temos que dividir tudo”. A brincadeira já dava o tom do que estava por vir. Mulheres empurrando os maridos, gente gritando “Sofazão!” e outros que não entediam o que estava acontecendo. “Nós levamos tudo na esportiva, recebemos todo o tipo de reação, tem gente que se assusta com as diabas, mas é uma festa”, disse Roque, para emendar: “Olha um buteco, se preparem”, já prevendo a reação masculina.

O ônibus não é lá muito novo. De vez em quando a equipe tinha que arrumar os assentos, decorados com o símbolo do Sport Club Internacional, para não cair no chão. “Eu tenho uma ligação com o Inter, mas ontem estivemos no Olímpico e fomos muito bem recebidos pelos gremistas”, dizia Roque.

O apelo das diabinhas era obviamente sexual. Elas gritavam, mandavam beijos e brincavam muito com pirulitos, seguindo as ordens de Roque: “Mostra o pirulito para ele!”. “Comi uns 16 ontem”, contou Stéfany Martins, brincando com o doce na boca. “Se eu votar no senhor, ganho as duas?” e “o senhor me seu o santinho, mas e as diabinhas, não dá?”, foram algumas das manifestações ouvidas, principalmente, pelos profissionais do trânsito.

Apesar do grande assédio masculino, a dupla conseguia também interagir com as mulheres. Cada resposta era comemorada aos gritos. “As mulheres são mais difíceis, por isso comemoramos cada uma”, explicava a secretária do “padre”, Eliane Passos.

“Padre, o senhor lembra de mim? Em 2004 eu fui no Sofazão e tinha banho de espuma. O senhor me deu uma cortesia e quando eu cheguei em casa, minha mulher deu em mim porque achou o papel no meu bolso”, dizia o vendedor de uma loja ao se aproximar do ônibus. “O tempo todo eu escuto histórias de pessoas que foram no Sofazão”, afirmou o candidato.

Segundo Roque, sua fórmula para fazer campanha foi tomando forma aos poucos. “Eu tinha contratado as duas para distribuir panfletos, mas acabou virando isso. Elas são muito espontâneas, gostam da festa”, dizia, ao elogiar o trabalho que é feito por Stéfany e Silvana Claro. “O mais legal é a reação das pessoas, você as vê sorrindo quando o ônibus passa”, completou.

Roque é natural da cidade de Bom Princípio, a 76 km de Porto Alegre. Na década de 70, afastou-se do oficio religioso, e foi para a capital gaúcha na década de 90. Lá, abriu uma agência de matrimônio que mais tarde acabou virando o Sofazão. “No começo eu me escondia, tinha medo do que as pessoas poderiam pensar, mas depois vi que não estava fazendo nada de errado”.

Falando de política, atualmente ele é filiado ao PDT, e diz que sofreu preconceito do PT quando tentou se candidatar a uma vaga na Câmara federal. “Era a época do mensalão e eles estavam com medo de vincular a imagem com o sofazão”. Essa é sua terceira empreitada eleitoral. “Eu quero defender a liberdade das pessoas e acabar com o preconceito”, finalizou.

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