Médico que ‘receitou’ cadeados para emagrecer vai ser processado

A dona de casa Adriana Santos, 33, disse que vai processar o médico José Soares Menezes, que escreveu em uma receita para ela “cadialina”, recomendando à paciente o uso de seis cadeados como forma de perder peso. O fato aconteceu durante consulta no posto móvel da Fundação José Silveira (FJS), no bairro do Uruguai, último […]

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A dona de casa Adriana Santos, 33, disse que vai processar o médico José Soares Menezes, que escreveu em uma receita para ela “cadialina”, recomendando à paciente o uso de seis cadeados como forma de perder peso. O fato aconteceu durante consulta no posto móvel da Fundação José Silveira (FJS), no bairro do Uruguai, último dia 1º. O profissional indicou que os cadeados deveriam ser colocados “na boca, geladeira, armário, freezer, congelador e cofre”, conforme escrito no receituário médico.

De acordo com Adriana, ela e a família aguardavam uma retratação, o que não aconteceu. “Agora não aceito mais desculpas. Ele vai se resolver com a Justiça”, disse, nesta sexta-feira, 9, a dona de casa. Na opinião do advogado criminalista Luiz Augusto Coutinho, Adriana pode entrar com uma ação judicial de indenização por danos morais. “No caso apontado, não caberia uma ação criminal. No entanto, a conduta do profissional causou danos à paciente”, explicou o jurista.

Nesta sexta, o médico foi afastado das funções pela Fundação José Silveira, onde atuava em um posto móvel que percorria comunidades de Salvador. De acordo com informações da assessoria de comunicação da fundação, o afastamento irá durar o tempo necessário para a investigação do caso pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).

Denúncia – Na última quinta-feira, a dona de casa prestou queixa ao Cremeb, que prometeu abrir sindicância para apurar se houve quebra do código de ética da profissão. Caso seja comprovada a infração, ele poderá sofrer penas que vão desde advertência confidencial em aviso reservado até a cassação do direito de exercer a profissão.

Antes de ir à consulta, a dona de casa estava com uma cirurgia marcada para a retirada de cálculos na vesícula, que não pôde ser realizada por conta do peso da paciente, que já chegava a 100 kg. Adriana decidiu procurar um médico para que indicasse alguma medicação ou dieta para emagrecer. “Vi que o posto estava no bairro e decidi me consultar, pois não achei mais vaga pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, explicou.

Além de “receitar” os seis cadeados, Adriana contou que o médico recomendou que ela bebesse somente água às segundas, quartas e sextas-feiras e fizesse jejum às terças, quintas e sábados. “Fiquei assustada e ouvi tudo calada. Saí chorando e mostrei o receituário aos outros pacientes. Quando cheguei em casa, contei à minha mãe, que foi até o posto e conversou com ele. Depois, ele ainda veio até a minha casa e disse coisas horríveis”, lembrou a dona de casa.

De acordo com a mãe de Adriana, a professora Iracema Santos, 56, o médico chegou à casa delas e falou, em frente aos dois filhos de Adriana, de 7 e 12 anos, que, caso a mãe fizesse uma cirurgia para emagrecer, morreria no hospital. “Foi uma humilhação para minha filha e para toda a família. Jamais imaginei que um médico poderia ser capaz de tratar um paciente dessa forma”, lamentou Iracema.

Médico – A TARDE tentou entrar em contato com o médico José Soares Menezes, mas não obteve retorno. Em entrevista a uma emissora de televisão de Salvador, ele alegou ter usado “linguagem figurada”, ao se referir os cadeados e negou que tivesse recomendado o jejum à paciente. Além disso, o médico afirmou que Adriana teria problemas psicológicos e compulsão por alimentos.

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