Israel examina proposta de trégua enquanto número de mortos em Gaza passa de 100

Israel examinava nesta segunda-feira à noite uma proposta egípcia de trégua com o Hamas, segundo a imprensa, na véspera de uma missão de paz do chefe da ONU em Jerusalém e depois de cinco dias de bombardeios israelenses contra Gaza que deixaram mais de 100 palestinos mortos. O fórum dos nove principais ministros do governo […]

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Israel examinava nesta segunda-feira à noite uma proposta egípcia de trégua com o Hamas, segundo a imprensa, na véspera de uma missão de paz do chefe da ONU em Jerusalém e depois de cinco dias de bombardeios israelenses contra Gaza que deixaram mais de 100 palestinos mortos.

O fórum dos nove principais ministros do governo de Benjamin Netanyahu se reuniu para estudar a possibilidade de uma trégua ou de uma ofensiva terrestre em Gaza, de acordo com a rádio pública. Segundo a rádio, Israel quer uma trégua de 24 a 48 horas com o objetivo de que as partes possam redigir um pacto de cessar-fogo. A mesma fonte indica que Israel pode neste contexto aliviar seu bloqueio à Faixa de Gaza. Segundo a televisão israelense, Netanyahu está disposto a aprovar o documento e pode haver uma suspensão dos ataques nas próximas 24 horas.

A imprensa israelense também indicou que os disparos de foguetes em direção a Israel a partir de Gaza praticamente cessaram durante as quase duas horas e meia de reunião do gabinete israelense de defesa. À noite, dois disparos de foguetes foram registrados contra a região de Eshkol (sul), mas não houve feridos. Outros cinco foguetes caíram em seguida no setor de Beesheva, e as sirenes de alerta soaram em várias localidades do sul de Israel. No Cairo, onde se reúne com autoridades egípcias envolvidas nos esforços de mediação, o chefe do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, não descartou nesta segunda-feira uma trégua com Israel no conflito de Gaza, mas insistiu em uma retirada do bloqueio ao enclave.

“Não somos contra um apaziguamento, mas queremos que respeitem nossas demandas: o fim da brutalidade, o fim da agressão e a retirada do bloqueio”, disse Meshaal durante uma coletiva de imprensa. Nesta segunda-feira, os ataques israelenses deixaram 39 mortos, elevando para 109 o número de palestinos que morreram desde o início da ofensiva contra Gaza, na quarta-feira, segundo fontes médicas.á Desesperadas, várias famílias de Gaza deixaram suas casas, algumas delas em busca de tranquilidade no sul, onde foram registrados menos ataques. Mas sabem que não há um lugar em que estejam a salvo. “Meus filhos estão apavorados. Meu filho de seis anos, Mohamed, se recusa a comer e me segue por toda parte.

A cada 10 minutos ele me pergunta quando é que vou morrer?”, conta uma mãe de 37 anos, Oum Jihad, que foi viver com parentes em Khan Younis, no sul. “Ele disse que não voltará ao colégio porque tem medo a virar mártir ou de voltar do colégio e me encontrar morta junta com seus irmãos”, disse à AFP. Um alto comando militar da Jihad Islâmica, Ramez Harb, morreu em um ataque contra um centro de mídia no centro da Cidade de Gaza, segundo fontes do movimento radical.

Na Cisjordânia, um palestino ferido no sábado em confrontos com o Exército israelense durante uma manifestação em solidariedade aos habitantes de Gaza, não resistiu aos ferimentos e morreu nesta segunda-feira, de acordo com fontes médicas palestinas. Outro foi morto por soldados em Hebrón, após um dia de confrontos entre o Exército e os manifestantes palestinos, segundo fontes palestinas. Estes são os primeiros mortos na Cisjordânia desde o início da ofensiva contra a Faixa de Gaza há cinco dias. Em Ramallah, os líderes dos movimentos Fatah, Hamas e Jihad Islâmica na Cisjordânia prometeram “acabar com a divisão” interna, em sinal de solidariedade com os palestinos de Gaza. – Esforço diplomático – Diante da ameaça de uma escalada militar –Israel acena há dias com a possibilidade de uma intervenção terrestre–, as discussões e visitas diplomáticas se intensificam. Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia fizeram um apelo pelo fim “imediato” das hostilidades, afirmando que um cessar-fogo é “de interesse de todos”. O enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio, Tony Blair, foi recebido nesta segunda em Jerusalém pelo presidente israelense Shimon Peres. Ele afirmou esperar pelo fim das hostilidades nos próximos dias e que o Egito, Qatar, os Estados Unidos e a ONU trabalham em favor de um cessar-fogo. Do lado palestino, depois do primeiro-ministro egípcio e do ministro das Relações Exteriores da Tunísia, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, visitará Gaza na terça-feira à frente de uma delegação ministerial.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, chegou nesta segunda-feira à noite no Cairo para trabalhar por uma trégua. Ele viajará para Jerusalém, onde se reunirá com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o presidente palestino Mahmud Abbas. O chanceler alemão Guido Westerwelle também se encontrará com esses dois líderes na terça-feira. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, vai liderar na terça-feira em Gaza uma delegação ministerial que incluirá os chanceleres do Egito e da Turquia.

A Rússia acusou os Estados Unidos de tentarem bloquear um comunicado do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Gaza. Já o presidente americano, Barack Obama, conversou com Netanyahu e com o presidente egípcio, Mohamed Mursi, e insistiu sobre a necessidade de reduzir a tensão em Gaza. A operação “Pilar de defesa” tem como objetivo neutralizar os grupos armados palestinos.

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