Falta de corpo é principal arma da defesa no júri popular do caso Eliza
A falta de um corpo que comprove a morte da vítima deve ser a principal arma a ser empregada pela defesa dos cinco acusados que, na manhã desta segunda-feira (19), começam a ser julgados no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), pelo desaparecimento de Eliza Samudio, ocorrido em 2010. É […]
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A falta de um corpo que comprove a morte da vítima deve ser a principal arma a ser empregada pela defesa dos cinco acusados que, na manhã desta segunda-feira (19), começam a ser julgados no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), pelo desaparecimento de Eliza Samudio, ocorrido em 2010.
É o que diz Zanone Júnior, advogado de um dos réus, Bola, recém-inocentado de outro crime, acontecido dez anos antes, em 2000. “Ele foi absolvido de um crime em que havia um corpo”, disse Zanone Júnior. “Esse agora da Eliza nem corpo tem.”
O desaparecimento de Eliza Samudio provavelmente teria entrado para a crônica policial como mais um caso anônimo, sem corpo nem solução, se não tivesse entre os acusados um personagem que imediatamente chamou a atenção do público em todo o Brasil: Bruno de Souza Fernandes, 27 anos, o Bruno, goleiro titular e capitão da equipe principal de futebol do Flamengo do Rio.
Desde que o nome de Bruno emergiu como o principal suspeito pelo sumiço de Eliza, foi desfraldado um enredo –ainda inacabado- repleto de reviravoltas, declarações polêmicas, versões fantasiosas, pistas falsas e até morte que ainda provoca perguntas, por enquanto, sem respostas: Bruno mandou matar Eliza? Onde está o corpo? Eliza pode estar viva?
A partir de amanhã, Bruno e quatro réus presenciarão em Contagem versões do caso -e de fatos a ele relacionados- narradas por advogados e testemunhas. Ao cabo de duas semanas, tempo previsto para terminarem os trabalhos de defesa e acusação, sete jurados definirão se os cinco réus são culpados ou inocentes. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, conduzirá o andamento das coisas.
Investigação e “revelação”
Conforme a investigação, cerca de três semanas após Eliza ter sido levada para Minas, um telefonema anônimo para o Disque Denúncia (181) informou que ela havia sido agredida e morta no sítio do goleiro em Esmeraldas. Imediatamente a polícia conseguiu um mandado de busca e apreensão e seguiu para o sítio, onde fez buscas e, lá, encontrou roupas de mulher, fraldas e objetos de criança.
Mas foi no Rio de Janeiro que o caso “explodiu”, no início de julho, quando a polícia apreendeu, na casa do goleiro, localizada em um condomínio fechado no Recreio dos Bandeirantes, um adolescente de 17 anos , primo do goleiro, que afirmou ter participado do sequestro de Eliza. Segundo depoimento do menor, ele e Luiz Henrique Romão, o “Macarrão”, levaram Eliza e o bebê para o sítio em Esmeraldas.
Em seguida, de acordo com o adolescente, ela foi levada a Vespasiano, para a casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, acusado de ser o executor do crime. Lá, Eliza foi amarrada, estrangulada e esquartejada, e partes do corpo foram jogadas a cães da raça rottweiler, que as comeram. O bebê não estava junto, havia ficado 40 km para trás, no sítio em Esmeraldas, sob os cuidados da mulher de Bruno, Dayanne Souza.
No dia seguinte ao depoimento do menor, a Justiça de Minas Gerais pediu a prisão preventiva de Bruno e mais oito pessoas, todas suspeitas de participarem direta ou indiretamente do crime: Bruno, Macarrão, Bola (suspeito de matar Eliza), Dayanne, Fernanda Castro (amante de Bruno), Elenilson Vítor da Silva (caseiro do sítio), Flávio Caetano de Araújo (amigo), Wemerson Marques de Souza (amigo) e Sérgio Rosa Salles (primo de Bruno). Os cinco primeiros começam a ser julgados amanhã. Dos demais, um foi assassinado (Sérgio), um não foi pronunciado por falta de provas (Flávio) e dois serão julgados em data a ser definida.
O menor que contou tudo à polícia hoje é maior. Jorge Rosa foi condenado pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem a cumprir medida socioeducativa por envolvimento no caso. As informações de Rosa serviram de base para as investigações da polícia. Porém, após apontar Bruno, Bola e Macarrão como os autores do crime, ele voltou atrás e negou a versão. Atualmente, faz parte de programa de proteção de testemunhas do governo de Minas Gerais.
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