Preocupada com o problema, a Anvisa lançou um guia de orientações para as padarias e outras empresas de alimentação fabricarem o pão com menor teor de sal

O excesso de sal na refeição, que pode prejudicar a saúde e acarretar em aumento da pressão arterial, hipertensão, infarto do miocárdio e até AVC (Acidente Vascular Cerebral), devido ao crescimento do músculo cardíaco, agora terá de ser controlado até no tradicional pãozinho francês.

Preocupada com o problema, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) lançou, na manhã de ontem, um guia de orientações para as para as padarias e outras empresas de alimentação fabricarem o pão com menor teor de sal.

Uma das dicas, segundo o guia, é reduzir a adição de sal à farinha de trigo, um dos ingredientes da massa. Em dezembro de 2010, o Ministério da Saúde e as indústrias de massa, trigo e panificação firmaram acordo que prevê a diminuição dos atuais 2% de sal no pão francês para 1,8% até 2014. Batatas fritas, bolos prontos, salgadinhos de milho e biscoitos recheados também estão na lista do acordo.

“Acredito que este percentual de diminuição no sal do pão francês é irrisório. De qualquer maneira, a refeição mais saudável não se baseia somente nisso. A pessoa deve trocar o tipo de pão, como o linhaça que o torna bem mais saudável, por exemplo. Eu compro desde que me tornei estudante de medicina e acredito que é por isso que não tenho grandes problemas de saúde”, afirma o médico Alfredo Gonçalves.

Com mais de 20 variedades de pães, como o francês, de aveia, árabe, de batata, cenoura, com ervas, gergelim, integral, semente de linhaça, entre outros, a Padaria Pão e Tal, localizada em uma região nobre da cidade, conquistou muitos clientes após incrementar uma linha mais saudável de produtos e com menos teor de sal, segundo o gerente do local, Adriano Amorim.

“Mesmo com o preço quase três vezes maior, que varia de R$ 8,90 a R$ 21,90 Kg, os pães mais saudáveis são muito pedidos por nossos clientes. Eles saem de uma caminhada e pedem os mini-pães integrais, com peito de peru e queijo branco ou algum outro defumado, por exemplo. O nosso misto-quente e o lanche bauru também são consumidos, mas mesmo assim em pães mais leves e com menos sal do que o tradicional pão francês”, afirma o gerente.

Segundo a nutricionista Paulina Rondon, 62 anos, que aplica a mesma receita nos cinco mil pães produzidos diariamente na Panificadora Monte Líbano, há 26 anos, é mais fácil adicionar o sal do que retirá-lo em uma receita. “O sal varia no paladar de casa pessoa, mas acredito que eles não perceberão a pequena diferença de sal que vamos retirar da receita, se for necessário. O que é norma tem de ser cumprido, mas se avaliar os produtos há muito mais sódio nos refrigerantes, salgadinhos e a própria comida mesmo que precisam ser diminuídos”, explica a nutricionista.

A nutricionista Solange Yamamoto, também da Panificadora Monte Líbano, conta que criou um Beirute mais saudável no local, acrescido de pão preto ou integral para agradar os clientes que buscam produtos benéficos a saúde. “A exigência é grande por conta dos clientes, por isso buscamos sempre produtos mais saudáveis. Mesmo assim, a venda de frituras e o pão francês não diminuem, é algo que já está no gosto do brasileiro e do campo-grandense”, diz a nutricionista.

Em agosto de 2011, um projeto de lei do vereador Cristóvão Oliveira (PSDB), proibiu a venda de doces, balas, refrigerantes e frituras nas cantinas escolares públicas e privadas da Capital. O objetivo, segundo ele disse na época, “é assegurar a saúde das crianças na cidade, com uma refeição balanceada e saudável”, finaliza.