Abras vai se reunir com a prefeitura e com o governador para discutir o uso das sacolinhas nos supermercados de MS

Seguindo tendência mundial, Campo Grande começa a discutir o fim das sacolinhas plásticas nos supermercados e a defender o uso das sacolas degradáveis, conhecidas como ecobags. Apesar de alegar combater os malefícios ambientais do plástico – que pode demorar entre 100 e 300 anos para se decompor, a medida ainda é controversa.

O vice-presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados), Adeílton Feliciano do Prado, que defende o cancelamento da distribuição das sacolinhas nos supermercados, conta que o grupo deve se reunir com a prefeitura e com o governador para discutir o tema. A data da reunião ainda não está marcada, mas um pré-contato já foi feito e deve ser em breve.

Feliciano explica que o que eles querem é mudar a forma que as pessoas vêem o uso da sacolinha e incutir ideia de sustentabilidade. “Queremos criar uma cultura onde as pessoas passem a não usar mais a sacolinha plástica”.

Ele explica que a proposta é retirar as sacolinhas plásticas comuns dos supermercados e oferecer a degradável ao custo de R$ 0,19 para quem quiser usar o produto. O vice-presidente da Abras explica que o custo é apenas para pagar o valor do produto e que os supermercadista não teriam lucro com isso.

Além disso, Feliciano informa que muitos supermercados já oferecem caixas de papelão aos clientes que optam por não utilizar as sacolinhas. A medida continuaria nos locais.
Outro ponto abordado por ele, é que não basta os supermercados abolirem as sacolinhas. Para Feliciano, o comércio em geral deve entrar no debate e passar a pensar em alternativas e uso racional deste produto.

Consciência

O deputado estadual Paulo Duarte (PT), que defende o uso racional de sacolinhas plásticas, já apresentou por duas vezes um projeto de lei que prevê que a cobrança referente às sacolas plásticas seja feita de forma separada dos produtos adquiridos pelos clientes.

Para Duarte, há um equívoco sobre a distribuição gratuita das sacolas plásticas. “As sacolas já são pagas pelo consumidor, mas a diferença é que o preço está embutido nas mercadorias, passando a falsa impressão de que é gratuita. O projeto visa estimular o uso consciente das sacolas plásticas, quando o consumidor souber efetivamente pelo que está pagando, vai fazer o uso racional das sacolas, comprando apenas o que vai precisar”.

A ideia, ele explica, é estimular o uso consciente. “Sabemos que isso não vai resolver o problema do mundo, mas o uso consciente ajuda, em muito. São pequenos atos, aqui, pequenos atos ali, que toda uma sociedade muda”.

Veto

O projeto de Paulo Duarte foi aprovado pela Assembleia Legislativa e vetado pelo Governador André Puccinelli (PMDB) por duas vezes. O último veto foi publicado no Diário Oficial do Mato Grosso do Sul, em 7 de julho de 2011.

Para justificar o veto, Puccinelli alegou que, sob o ponto de vista prático, a sanção ao projeto de lei resultaria nas seguintes situações: o consumidor passaria a ter maiores dificuldades para acondicionar os produtos adquiridos, especialmente nos supermercados, se não comprar as sacolas plásticas.

E segundo ele, o consumidor passaria a pagar mais caro pelos mesmos produtos, em virtude da cobrança separada do valor das sacolas.

Em relação ao ponto de vista ambiental, o governador disse na época que o projeto não produziria impactos que justifiquem a medida, até porque a destinação final do lixo doméstico é feita em embalagens plásticas.

Esgoto

Segundo a assessoria de imprensa da Águas Guariroba, a redução do uso de sacolinhas plásticas no mercado impactaria diretamente no trabalho de manutenção dos canos da rede de esgoto.

A assessoria explica que as sacolinhas provocam o entupimento dos canos, o que causa vazamento e transbordamento do esgoto nas ruas. “É comum no momento de manutenção encontrar sacolinhas entupindo a tubulação. Com certeza, com o uso mais racional deste produto, esses casos também diminuiriam”.

Dia sem sacola

A jornalista Liziane Berrocal, uma das idealizadoras do projeto “Dia sem sacola” aponta que o brasileiro consome em média 66 sacolas por mês, ou seja, 792 ao ano. No total, são 150 bilhões, o que equivale a 210 mil toneladas de plástico filme, ou 10% de todo o lixo do país. No mundo, o total de sacolas consumidas chega a 500 bilhões ao ano.

Ela lembra ainda, que aqui no Brasil, a maioria das sacolas não é reutilizada, nem reciclada, contribuindo para a poluição e enchentes, por exemplo. Para a jornalista o melhor caminho é reduzir e usar as sacolas com consciência.