O embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de la Cámara, adotou um tom mais duro nesta sexta-feira (20) ao comentar a retomada do controle da petrolífera YPF pela Argentina, cujas ações pertencem em sua maioria à espanhola Repsol.

Segundo ele, o governo argentino violou uma série de acordos internacionais, o que deve provocar reações adversas entre o comércio dos dois países. “O que a Argentina fez é triplamente ilegal do ponto de vista comercial”, disse durante evento da Embaixada da União Europeia (UE). De la Cámara também afirmou que houve abuso por parte do governo argentino durante a interdição do escritório da empresa espanhola.

 “A intervenção argentina na YPF não pode ser classificada como civilizada. Os argentinos chegaram com polícia armada e obrigaram os espanhóis a deixar o prédio em cinco minutos e ainda cortaram todo tipo de comunicação”, acrescentou.

Para Cámara, as alegações do governo de Cristina Kirchner para a expropriação dos 51% da YPF que pertencem à Repsol não têm fundamento. “Foi alegado que o governo espanhol não estava fazendo investimentos no setor. Isso não é verdade. Só em 2011, foram investidos cerca de U$ 3 bilhões.

Durante todo o acordo, foram investidos mais de US$ 20 bilhões”, justificou. O decreto que instituiu a expropriação foi editado na última segunda-feira (16) e chegou ao Senado argentino no dia seguinte, onde começou a ser analisado por três comissões. O plenário deve votar a matéria na semana que vem.

O embaixador espanhol disse ainda que a intervenção feita pela Argentina pode ser uma estratégia para baratear o preço das ações da petrolífera espanhola. “Os preços das ações da YPF caíram 60% desde a reestatização. Dessa forma, o governo argentino pagaria preços muito mais baixos que os preços de mercado”, concluiu.

Segundo a embaixadora da União Europeia, Ana Paula Zacarias, os ministros do Comércio dos 27 países-membros vão discutir sanções conjuntas, na próxima segunda-feira (23), em evento que ocorrerá em Bruxelas, na Bélgica.

“Há perigo de continuar, dessa situação ocorrer com outros setores e com outros países. Vamos discutir com [países] parceiros [para saber se] se algum respalda a Espanha [em uma possível retaliação]”, informou.