Com o acúmulo de ocorrências, viaturas permanecem paradas nas delegacias aguardando o registro de boletins e o atendimento pode ser prejudicado

Com o início da ‘Operação Tolerância Zero’ da PM (Polícia Militar) nesta terça-feira (17), após a divergência entre a liderança da ACS (Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul) e o Governo do Estado quanto ao valor do reajuste salarial da classe, viaturas ficam paradas em delegacias aguardando o registro de ocorrências.

Na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, cerca de 30 ocorrências foram registradas após as 18h. “Estamos aguardando o registro das ocorrências. Estamos trazendo tudo pra cá”, relatou um dos policiais que não quis se identificar.

Durante a permanência da reportagem na Depac Centro, pode se observar a chegada de três apreensões de CDs piratas, duas apreensões de drogas com cerca de sete envolvidos, e uma ocorrência de desacato com dois jovens.

Para o delegado de plantão, João Paulo Natali Sartori, as ocorrências ainda estão dentro da normalidade. “O que tem por enquanto, é um aumento no registro de crimes de menor importância”, ressaltou. Ainda segundo ele, é difícil precisar um número normal de ocorrências que sirva de parâmetro.

Cerca de quatro viaturas aguardam o registro de ocorrência na Depac Piratininga, delegacia que atende a região sul da cidade, onde até o momento, foram atendidas cerca de 10 ocorrências. “São apreensões que tomam tempo, têm que ser registradas”, relata o escrivão Vargas. Em alguns dias até 25 ocorrências chegam a ser registradas no período noturno, mas segundo ele, hoje não deu tempo de parar. “está corrido”, complementa.

O Ciops (Centro Integrado de operações de Segurança) não relatou alterações no atendimento do Corpo de Bombeiros. Na Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) as quatro viaturas responsáveis pelo atendimento noturno operam normalmente. 

Procedimento

As viaturas da PM que efetuam prisões, sejam em flagrante ou não, encaminham os autores para as delegacias de Polícia Civil, onde registram as ocorrências e entregam os presos. Este procedimento consome certo tempo dos policiais militares, bem como dos civis.

Durante a operação, a PM não está relevando qualquer possibilidade onde eventualmente, uma advertência caberia para a solução da situação. Com isso, está previsto que o movimento nas delegacias aumente ainda mais.

“Não podemos simplesmente deixar nossos presos aqui” alegou outro policial militar que preferiu não se identificar. Com isso mais viaturas devem se acumular na frente das delegacias.

Segundo a ACS, isso pode prejudicar o atendimento às ocorrências, principalmente no período noturno, dada a redução do efetivo por conta do horário.

Negociações

Após uma série de negociações, o Governador André Puccinelli, disse em entrevista, que mantém a proposta de reajuste em 5% para o soldo dos cabos e soldados da PM e do Corpo de bombeiros.

A ACS pede que o Governo siga a tendência nacional e adote uma política de reposição salarial que elimine a defasagem no salário dos praças. O pedido é que seja adotada uma política escalonada a ser cumprida até 2014.

Sem acordo, a operação deve se estender para o interior e durará pelo menos até sexta-feira (20), quando haverá uma nova rodada de negociações.