No travessão. A passagem do Barcelona para a final da Liga dos Campeões parou na baliza de Cech. Justamente quem menos se esperava falhou. Dois minutos do segundo tempo, Messi fica cara a cara com Cech, separados por nove metros. Tudo indicava para o terceiro gol do time catalão, porém o melhor jogador do mundo mostrou que é humano e também erra. Dois castigos nos acréscimos, que decretaram o empate em 2 a 2. Inapelavelmente os Deuses do Futebol não quiseram que os culés estivessem em Munique, apesar da maior posse de bola nos dois confrontos e pelo fato do Chelsea ter um jogador a menos durante boa parte do duelo desta terça-feira.

Tal como em 1982, Barcelona assistiu a queda do futebol arte perante uma equipe esforçada e bem aplicada defensivamente. Em 5 de julho de 1982 a Seleção Brasileira que encatava o mundo ficou fora da Copa do Mundo perdendo para a Itália por 3 a 2 no antigo Estádio Sarriá. Nesta terça-feira, 24 de abril de 2012, quase 30 anos depois, o futebol-arte foi alijado da final da Liga dos Campeões. Naquele dia Paolo Rossi, autor de três gols, foi o anti-herói. Agora coube a um brasileiro, Ramires, ocupar este espaço.

Desde os primeiros minutos a iniciativa do jogo foi do Barcelona. O Chelsea se postava todo dentro da área, às vezes com dez jogadores, deixando apenas Drogba mais avançando tentando puxar o contra-ataque. Estava complicado para o Barça, tocava a bola sem conseguir que a sólida defesa londrina se abrisse. Messi tentava no talento individual, mas assim que passava por dois aparecia um terceiro para desarmá-lo.

Aos 35 minutos as coisas começaram a clarear para o Barcelona. Terry, em jogada infantil, agrediu Alexis Sánchez com uma joelhada fora do lance de bola e acabou expulso. Logo na sequência Busquets abriu o placar, aproveitando cruzamento feito por Cuenca. Oito minutos depois foi a vez de Iniesta bater Cech, complementando a assistência de Messi. O 2 a 0 parecia determinar a classificação catalão, pois pelo que se apresentava em campo a tendência era a de que uma goleada fosse construída no Camp Nou.

Só que em um contra-ataque, a princípio despretensioso, Lampard conseguiu tocar para Ramires. O camisa sete do Chelsea tinha campo livre à sua frente e tocou, de cobertura, na saída de Valdés. Um silêncio tomou conta do Camp Nou.

A velocidade de jogo do Barcelona não diminuiu no segundo tempo. Em uma blitz catalã Cuenca foi derrubado por Drogba, que voltou para ajudar a marcação. Pênalti claro. A chance da classificação. Sem defensores pela frente, parecia impossível Messi perder, mas a bola beijou o travessão.

O lance desestabilizou o Barça. Agora o relógio jogava contra o Barcelona, o desespero incrivelmente começava a bater no time desacostumado a perder. As chances se seguiam, mas o Chelsea defendia com tudo o que podia. Até mesmo Roman Abramovich foi visto dentro da área, tentando defender. Messi voltou a acertar a trave esquerda de Cech, não era dia realmente.

Literalmente indo todo para o ataque, na busca pelo tento redentor, o Barça deu espaço atrás. Contra-ataque e Fernando Torres se viu correndo sozinho, olhando fixo para Valdés, a última linha de defesa catalã. O espanhol driblou o arqueiro e selou a classificação.

O Chelsea está na final da Liga dos Campeões. Espera pelo adversário, que sairá nesta quarta-feira entre Real Madrid e Bayern de Munique. Para quem os Deuses do Futebol estarão jogando no Santiago Bernabéu?