Brasil apresenta à Unesco estudo com pontos de referência sobre rota dos escravos

Após 124 da abolição da escravatura no país, as autoridades brasileiras querem mostrar interna e externamente a contribuição dos migrantes africanos para a cultura nacional. Especialistas apresentarão nesta quarta-feira (25) uma lista de 115 locais que integram a chamada Rota dos Escravos, projeto elaborado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a […]

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Após 124 da abolição da escravatura no país, as autoridades brasileiras querem mostrar interna e externamente a contribuição dos migrantes africanos para a cultura nacional. Especialistas apresentarão nesta quarta-feira (25) uma lista de 115 locais que integram a chamada Rota dos Escravos, projeto elaborado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em memória do tráfico negreiro e da herança histórica deixada pelos africanos em diversos países.

A apresentação dos especialistas brasileiros ocorrerá durante o 4º Festival Internacional do Filme de Pesquisa sobre História e Memória da Escravidão Moderna, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro.

“O projeto existe para pensar a diáspora negra e para criar propostas que dêem visibilidade aos aspectos positivos dessa que foi a maior transferência forçada de população que tivemos na história”, disse o representante brasileiro do Comitê Científico Internacional da Unesco, o antropólogo Milton Guran.

De acordo com ele, o Brasil acolheu 40% da população africana traficada no período escravocrata, o que contribuiu para que hoje seja o segundo país com a maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria.

“Para mapear os pontos, elaboramos um projeto de pesquisa no Laboratório de Imagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e criamos um site na internet para receber sugestões não só do mundo acadêmico, mas também da sociedade civil”, disse Guran.

Entre os locais apontados como emblemáticos, está o Cais do Valongo, na região portuária do Rio, onde funcionou durante anos o maior centro de comercialização de escravos da América Latina. Depois, o local virou Cais da Imperatriz e, em seguida, foi modificado pelo governo republicano, em 1889.

“Estamos revelando essas três fases, que são simbólicas, de como temos tratado a nossa história nesses últimos 150 anos, varrendo para baixo do tapete as coisas”, disse o antropólogo. Segundo ele, o estudo relaciona 13 portos e mercados oficiais por onde chegavam os africanos, além de 15 praias de desembarque ilegal e locais de quarentena.

No total, são 35 locais nos quais as irmandades de origem africana se reuniam, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Há ainda referências a 16 regiões de quilombos, como as vilas fundadas por escravos fugitivos, no Rio e em Salvador. Manifestações culturais, como a capoeira, o jongo e o congado também são mencionadas no estudo.

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