Campeão do UFC com nove lutas invicto no torneio, Junior Cigano nunca fez o estilo falastrão ou provocador. Ele sempre foi mais quieto, o cara bonzinho e que todo mundo gosta. Ele continua assim na maior parte do tempo, mas desde sua última luta – quando venceu Frank Mir – e agora antes de enfrentar Cain Velasquez, ele apostou em um discurso de confiança.

A entrevista coletiva antes do UFC 155 mostrou bem essa postura do brasileiro. Falando um inglês cada vez mais fluente, todas as suas respostas puxavam para o lado da vitória. Ele não gaguejava ao falar de sua tática para a luta, era sempre muito assertivo: “Ele vai tentar me pôr para baixo, mas eu vou nocauteá-lo novamente” virou quase um mantra para ele nos últimos meses.

“Dessa vez eu estou 100%”, seguiu Cigano, lembrando que, quando nocauteou Cain na primeira luta e ficou com o cinturão, estava machucado. “É uma posição muito melhor defender o cinturão que ser o desafiante, como da outra vez. Minha vida melhorou muito depois que me tornei campeão, gosto do jeito que as coisas estão e pretendo que continue assim.”

Mas não é só de confiança que vive essa nova fase do catarinense. Ele não hesita em chamar para si a atenção. Enquanto Velasquez era mais tímido em suas respostas – quase falando para dentro – Cigano era sempre expansivo e não tinha problema em interromper seu rival quando falava.

Grande parte disso se deve ao pouco crédito que ele tem pelo lado da imprensa internacional com sua vitória sobre Cain na primeira luta. Muitos tratam como um golpe de sorte o nocaute com 64 segundos de combate. Outros falam com Velasquez como se ele ainda fosse o donos do cinturão.

“Para ele é que é uma revanche. Para mim é mais uma luta”, resumiu o brasileiro, antes de alfinetar um jornalista americano que falava com Cain como se ele fosse o campeão. Ele interrompeu mesmo, no meio, a resposta do americano: “Esse cinturão é meu, não é dele.”