Pela experiência e o fato de saber que o veículo Pajero dos estudantes mortos seria vendido por R$ 8 mil ou 2kg de cocaína pura na Bolívia, polícia acredita que prendeu um dos grandes negociadores da fronteira

Investigações sobre a morte dos estudantes Breno Silvestrini e Leonardo Batista, 18 e 19 anos, executados a queima roupa no dia 30 de agosto, em Campo Grande, culminaram na prisão de mais dois comparsas da quadrilha que cometeu o latrocínio (roubo seguido de morte). Jonilton Jackson Leite de Almeida, 24 anos, vulgo ‘cupim’ ou ‘tia’, segundo a Polícia Civil, é um dos maiores negociadores de caminhonetes, vindas do Mato Grosso do Sul com destino a Bolívia.

Jonilton fez toda a negociação por telefone, dizendo aos comparsas que faria a avaliação do carro quando chegasse à fronteira e, dependendo do ano e do modelo, o preço pago seria de até R$ 8 mil ou dois quilos de cocaína pura. Ele foi apresentado por seu amigo de infância de Jonilton, Edson Natalício de Oliveira, 22 anos, vulgo ‘Corumbá’, que repassou o contato de Rafael Costa da Silva, 22 anos, sendo este último o autor dos tiros que mataram os estudantes.

Rafael, Weverton Gonçalves Feitosa, 22 anos, Dayane Aguirre Clarindo, 25 anos, Raul de Andrade Pinto, 18 anos e um adolescente de 17 anos, que já estão presos, então cometeram o crime, sem concretizar a venda da caminhonete. Em depoimento, Jonilton disse que a sua recompensa seria de R$ 900, dinheiro que Rafael estaria devendo a ele.

Logo que o caso veio à tona, ficou evidenciada a facilidade dos bandidos de negociar veículos roubados na fronteira. “Acredito que o governo estadual e federal precisa tomar medidas urgentes para dificultar cada vez mais a passagem de veículos aos países vizinhos. E pela experiência no crime, com certeza tiramos de circulação um dos maiores negociadores da fronteira com a Bolívia”, afirma a delegada Maria de Lourdes Cano, responsável pelas investigações.

Mesmo negando o crime, a delegada afirma que, por saber como seria paga a caminhonete Pajero, onde levar e com quem negociar, já seriam vários os veículos negociados na fronteira por Jonilton. “Ele disse que daria ao Rafael toda a assistência quando chegasse em Corumbá e sabe que, por exemplo, dois quilos de cocaína pura que chegassem aqui, seriam misturadas para dobrar o valor, rendendo ao menos R$ 50 mil aos bandidos”, comenta a delegada.

Jonilton veio de Corumbá e se apresentou na Defurv ontem (15), por volta das 17h, acompanhado do seu advogado. Já Edson foi detido em sua casa, no bairro Guanandi, por volta das 5h30 de ontem. Ambos possuem antecedentes criminais por tráfico de drogas, roubo e outros crimes. E com a prisão da dupla, a delegada diz que o caso está concluído.

“Encerramos o inquérito policial com a prisão de todos os envolvidos, que vão responder pelo latrocínio, ocultação do cadáver, corrupção de menores e formação de quadrilha”, conclui a delegada.