A crise mundial está apresentando sinais de que está se acalmando, com os indicadores econômicos da Zona do Euro e dos Estados Unidos apresentando números positivos, e indicando o fim da recessão no bloco em meados de 2012. Porém, o cenário ainda deve ser de cautela, afirma o Commerzbank, já que muitos problemas ainda não foram solucionados na Espanha e na Itália.

De acordo com o economista-chefe do banco alemão, Jörg Krämer, após 2011 ter sido em grande parte bastante negativo, desde o final de novembro a percepção de risco do mercado entrou em uma tendência de queda. Dentre as medidas usadas na época, Krämer ressalta o empréstimo do BCE (Banco Central Europeu) para instituições financeiras por um período de três anos, que levou um grande alívio ao mercado.

Desse modo, muitos dos países mais atingidos pela crise usaram esse empréstimo como um seguro de baixo custo para financiar suas próprias dívidas. Como consequência, os títulos da Espanha e da Itália viram seus rendimentos caírem expressivamente.

O economista-chefe do Commerzbank ressalta ainda que o Bundesbank deve reduzir a resistência para empréstimos bilaterias para o FMI. “Em conjunto com empréstimo de outros países, estes recursos podem ser usados pela instituição para ajudar os países periféricos”, disse.

 Krämer ressalta ainda que a diminuição da incerteza nos mercados pode ser favorável nas próximas semanas, o que se opõe ao momento de pessimismo em meados de 2011. Contribuindo para o cenário positivo, estão em pauta os dados econômicos nos EUA, que vêm surpreendendo desde setembro do ano passado.

Recessão deve acabar em meados de 2012

Em meio a esse cenário mais otimista,  Krämer acredita que a recessão da Zona do Euro pode chegar a um fim em meados de 2012, apresentando uma contração de 0,4% no ano. Já para Alemanha, a expectativa é de estagnação.

Porém, segundo o economista, a recuperação será anêmica, já que a crise não será resolvida apenas pelo BCE, através de seus financiamentos. “Enquanto os países periféricos não conseguirem melhorar sua situação econômica, suas condições de competitividade e apresentarem orçamentos equilibrados, a crise da dívida vai continuar – apesar de uma incerteza menor em comparação ao segundo semestre de 2011”.

No entanto, ainda está indefinido como a Itália e Espanha vão controlar seus problemas. O primeiro ministro da Itália, Mário Monti, implementou uma reforma na previdência, mas ainda não significa que a nação passará por reformas estruturais significativas. Já na Espanha, o alto déficit orçamentário da nação ainda preocupa.

Cenário ainda é de cautela

Assim, a recuperação da Zona do Euro ainda é incerta, afirma. No cenário de risco do banco alemão, a crise pode mostrar sinais de enfraquecimento, mas pode levar a economia de volta a uma recessão. “Isso pode ocorrer se a Grécia declarar moratória, o que pode levar a uma fuga dos títulos de Portugal”, afirma Krämer.

O economista assume, desse modo, que o BCE deve depender mais de estratégias de monetização para controlar a crise da dívida soberana e que haverá uma queda na percepção do risco. “Por razões táticas, recomendamos que os investidores continuem a se posicionar em uma nova redução dos spreads dos títulos periféricos, com as ações também devendo se beneficiar de uma menor aversão ao risco”, mas ressaltando cautela devido ao cenário ainda incerto na Zona do Euro.