Policiais federais em greve fizeram mais um protesto nesta segunda-feira no Rio de Janeiro, dando continuidade à campanha por reajuste salarial e pela reestruturação da carreira. Os agentes se reuniram em frente à Superintendência da Polícia Federal na praça Mauá, zona portuária da capital fluminense, como forma de chamar a atenção da sociedade para as reivindicações dos servidores.

Os grevistas prometeram intensificar as pressões nesta semana para que o governo federal considere suas demandas. ”Estamos tentando a nossa última cartada, para tentar, por medida provisória, entrar no Orçamento de 2013. Vamos torcer para que o governo tenha bom-senso”, ressaltou André Tristão, representante do sindicato da categoria no Rio de Janeiro.

De acordo com ele, a partir de agora os protestos dos policiais vão se intensificar, com a suspensão de serviços de investigação. ”Vamos deixar de fazer as atribuições de nível superior, ou seja, investigações a organizações criminosas, grampos telefônicos entre outros serviços”, destacou. Já o atendimento em aeroportos para emissão de passaportes continua com as mesmas restrições, tendo prioridade apenas os casos considerados de urgência.

Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não vai tolerar boicotes a operações da PF promovidos por servidores. Ele prometeu punir abusos cometidos pelo policiais que estão em greve desde o dia 7 de agosto. A categoria recusou a proposta oferecida pelo governo de reajuste 15,8%, escalonado em três anos.

O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias entraram em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. O Ministério do Planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores. Em contrapartida, os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento.

A greve afetou servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, das Relações Exteriores, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.

Desde março, quando foi iniciado o processo de negociação salarial, foram realizadas mais de 200 reuniões para discutir reajustes, com mais de 31 entidades sindicais. Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos, o governo encerrou no dia 26 de agosto as negociações com os servidores. O prazo limite para envio do orçamento ao Congresso Nacional, com a previsão de gastos com a folha de pagamento dos servidores em 2013, é 31 de agosto.