A Defesa Civil de Corumbá foi até a casa de Elizabeth Castedo Ardaya Neves, 48, na tarde desta terça-feira, 25 de janeiro, para verificar as condições em que ela vive. A situação foi relatada à reportagem, por sugestão de uma leitora, que conhecia a precariedade do local onde ela mora. Na visita, além de uma vistoria, a equipe da Defesa Civil elaborou um relatório que será enviado às autoridades locais a fim de possibilitar a comprovação de que a família vive em situação de vulnerabilidade social e seja beneficiada com a inclusão em futuros programas de habitação. Nos que já estão em fase de execução, não há possibilidade porque não houve cadastro.

“Um dos objetivos é identificar as famílias que vivem em situações de vulnerabilidade e para avaliar o grau de vulnerabilidade, realizamos as vistorias. Atualmente, há centenas de famílias em altos níveis de vulnerabilidade. Os maiores níveis foram detectados nas áreas de encostas, de invasão e de barrancos e já começaram a ser removidas desses locais para casas no conjunto Ana de Fátima Brites Moreira, no bairro Guatós, construído pela Prefeitura de Corumbá, em parceria com o Governo Federal”, explicou o tenente-bombeiro Isaque Nascimento, coordenador de ações da Defesa Civil.

A família de Elizabeth, mora atualmente, em um barraco de madeira, que foi invadido, como eles mesmos informaram. As condições a que estão submetidos são de grande risco. A qualquer momento, o barraco pode desmoronar, além de conviverem com saneamento precário.

“O caso da família da senhora Elizabeth, também está num alto nível de vulnerabilidade, porém, não constava em nossos registros. Talvez, se eles tivessem sido identificados antes, hoje estariam em melhor condição. Já teriam sido contemplados com uma casa, assim como os moradores da antiga Alfândega foram. As condições de vida dessa família são precárias. Vemos que a integridade física e moral estão ameaçadas”, avaliou o coordenador.

A vistoria foi registrada em fotografias, que serão anexadas ao documento que comprovará o grau de vulnerabilidade em que a família vive. A documentação será enviada às autoridades. Com o registro em mãos, a família poderá ser incluída em ações sociais futuras.

Mais de 10 anos

“Há mais de dez anos moramos neste terreno, que não é nosso. Umas seis famílias também invadiram o local por não terem onde ir. Nos últimos meses tem sido pior, porque colocaram um aterro no local e posso dizer que temos a sensação de estarmos soterrados. Quando chove, entra muita água na casa e ficamos com muito medo de acontecer algo, como a casa cair. Outro grande problema que encontramos, é que as pessoas jogam muito lixo. Somos constantemente ameaçados pela presença de animais, inclusive escorpiões.

Hoje, é a primeira vez que um órgão vem nos visitar, perguntar sobre a casa, que se interessa em saber como vivemos. Recebemos também o auxílio da Assistência Social, pois tiramos nossa renda apenas de um carrinho de lanche que temos, mais nada. Com o documento em mãos, vamos torcer para sermos logo incluídos em um programa de habitação, porque não aguentamos mais viver assim, no meio de lixo, rezando para que não chova”, contou Edmilson França Neves, 41 anos, marido de Elizabeth.

A Defesa Civil informou a este Diário, que além do relatório, o órgão irá acionar o Centro de Controle de Zoonoses para uma vistoria no local, em razão do acúmulo de lixo.

Contemplados

Enquanto a família de Elizabeth ainda não foi contemplada com uma casa própria, a Defesa Civil também visita as famílias que vivem em situações de alto nível de vulnerabilidade e que estão apenas aguardando a mudança para as casas que estão sendo entregues pela Prefeitura, construídas em parceria com o Governo Federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC- Casa Nova).

A última família a ser contemplada com uma moradia e que se encontrava em estado de alto nível de vulnerabilidade foi a de Joselina Ramona Dias da Silva, 60 anos, que morava no bairro Havaí. A casa onde ela vivia, ficava em uma área de encosta e as ações do tempo, já haviam, inclusive, levado uma parte da casa, comprometendo toda a estrutura da casa e colocando a família em risco.

A próxima a se mudar para o conjunto Ana de Fátima Brites Moreira, no bairro Guatós, será Hilda Bazan da Silva, 70 anos, que mora no final da avenida General Rondon. “Morava na área ribeirinha, até que meu marido comprou este terreno. Na época, ele parecia seguro, apesar de ser na área de uma encosta. Hoje, infelizmente, morar nesta casa é correr um grande de risco, pois a parte dos fundos dela, está desmoronando. O telhado não existe mais e consertá-lo será difícil. Agora, estou satisfeita em saber que logo terei uma casa boa, segura. A distância não será problema pra mim, porque tenho a carteirinha que me dá acesso gratuito ao ônibus, então dizer que pra onde vou é longe, não tem problema, eu tenho é solução”, disse dona Hilda.