O arrefecimento das vendas no varejo em março – na leitura interanual, o ritmo de crescimento foi de 4,1% ante taxas de 8,5% em meses anteriores – já é reflexo das medidas macroprudenciais, avaliou há pouco o professor da PUC-RJ e sócio da Opus Gestão de Riscos José Márcio Camargo. Ele disse que medidas dessa natureza começam a ter impacto quando alguns indicadores já apresentam queda, mesmo que outros ainda mostrem crescimento. “É um sinal inicial de que já está havendo algum efeito das medidas macroprudencias. Não é suficiente mas já algo acontecendo”, afirmou.

De acordo com ele, para que ocorra um efeito mais efetivo, seria necessário uma política monetária mais forte. “A não ser que ocorra uma correção muito forte dos preços, e o real não se valorize muito, seria bom que o Banco Central continuasse aumentando os juros”, disse Camargo que participou, nesta manhã, do seminário sobre metas de inflação, promovido pelo Banco Central, no Rio de Janeiro.

O economista disse esperar mais dois aumentos de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho e julho. “Digo isso baseado no que o Banco Central tem sinalizado. Eu preferia que o BC tivesse sido mais duro no início do processo, em dezembro”, afirmou Camargo, que acredita que a inflação desacelerará em maio, junho e julho. Mas ele prevê que, a partir de agosto, os índices voltarão a subir.

Camargo projeta que o IPCA poderá fechar 2011 em 6,4% – praticamente, no teto da meta de inflação (6,5%). “Quando eu falo 6,4%, pode ser que fique em 6,8%”, disse, ponderando que, em função disso, o BC deveria ser mais duro na condução da política monetária.