Trânsito deixa dez motociclistas feridos por dia em Campo Grande e imprudência é a causa
No dia do motociclista, até os condutores das motos reconhecem que imprudência é a principal causa dos acidentes, que tornaram motociclistas maiores vítimas da violência nas ruas de Campo Grande. Somente neste mês de julho, já foram registrados 231 atendimentos decorrentes de acidentes sobre duas rodas; nesse ano já ocorreram 24 mortes
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No dia do motociclista, até os condutores das motos reconhecem que imprudência é a principal causa dos acidentes, que tornaram motociclistas maiores vítimas da violência nas ruas de Campo Grande.
Somente neste mês de julho, já foram registrados 231 atendimentos decorrentes de acidentes sobre duas rodas; nesse ano já ocorreram 24 mortes
A imprudência e a inexperiência fizeram o mototaxista Lázaro Carmo, de 38 anos, ficar em coma por 48 dias após se envolver em um acidente de moto, há 18 anos. Mesmo trabalhando com o veículo há 15, Lázaro acredita que neste dia do motociclista, não tem do que se orgulhar. “A pouca idade dos motociclistas é o principal problema”.
Nos três primeiros anos que usei moto, sofri três acidentes. Eu estava certo em todos eles, mas me faltou a direção preventiva. Se eu não estivesse correndo tanto, não teria me machucado do jeito que me machuquei”, conta.
Trabalhando cerca de 10 horas por dia, Lázaro ainda arruma tempo para viajar com sua Shadow 600 cilindradas. “Eu adoro encontro de motos, não troco as duas rodas por outro tipo de veículo”, brinca.
“Eles são abusados, né?” É o que diz o técnico gasista Marcelo dos Santos sobre os pilotos da capital. “Eu já fui um, sei como é, qualquer um em uma moto fica abusado. A moto te dá liberdade e agilidade, você acaba não respeitando a sinalização”. Marcelo mudou de categoria “A” para “B” na habilitação há 10 anos e desde então não usa mais a moto.
“Eu posso até gastar mais com combustível, mas não tem preço voltar vivo para casa”, diz.
Para o diretor presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) Rudel Trindade, os motociclistas não são vítimas dos carros, mas sim eles mesmos é que andam de forma errada pela cidade.
“O que a gente observa em Campo Grande e no Brasil é que uma parcela considerável de motociclistas parece ignorar as regras de trânsito, como se elas não existissem. Eles demonstram isso de duas formas: desrespeitando os semáforos e as placas de “Pare”, assim como abusando na velocidade”, diz Rudel.
O operador de máquinas Valter Machado, de 44 anos, pilota há mais de 25 anos e se indigna com a alta velocidade em que andam os motociclistas. “Sempre vejo em vias onde a velocidade é de 40 quilômetros por hora os caras passando a 80, 90, achando que estão na rodovia.” Consciente do perigo, ele não troca moto por carro.
“Eu já tive carro, mas prefiro moto. Se a pessoa souber andar e se cuidar nada acontece, eu nunca sofri nenhum acidente. Pra mim também é mais econômico, até porque somos eu e a minha mulher somente lá em casa”, diz.
A esposa, Roselina Rocha, até gostaria de aprender a andar mas, segundo ela, “Valter não deixa”. Ciumento, ele brinca “se ela aprender a andar, me larga em casa”.
Quadro da morte
De acordo com a Ciptran (Companhia Independente de Policiamento e Trânsito) de Campo Grande, 4.205 acidentes de trânsito foram registrados do início deste ano até junho, resultando na morte de 24 pessoas.
Deram entrada na Santa Casa 1.913 acidentados por moto no primeiro semestre e somente neste mês de julho, já foram registrados 231 atendimentos decorrentes de acidentes sobre duas rodas.
Requisitadas
O número de acidentes envolvendo motos não assusta a população, tanto que a procura por elas sempre aumenta. Vendedor de motos de uma loja do centro, Édson Cavalheiro diz que cerca de 30 pessoas procuram pelas máquinas todos os dias.
“A maior parte delas é de homens, uns 20 por dia. Mulher procura mais por acessórios como capacetes e luvas. Quando compram, escolhem as máquinas de menores cilindradas”, diz.
“A economia do veículo, para eles, está em primeiro lugar. Não importa o número de acidentes, os consumidores procuram por agilidade e preço baixo, como o pouco investimento em combustível”. A loja trabalha com financiamento de dois bancos. “Quase 80% das motos que vendo são financiadas, isso ajuda muito o trabalhador, por isso temos tantas motos na rua”, conta Édson.
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