Uma sala na filial das Lojas Americanas, localizada entre as ruas Dom Aquino e Marechal Rondon, onde o vigilante Márcio Antônio de Souza, 33, teria agredido, não tem sistema de circuito interno de gravação.

A informação é da delegada do 1º Distrito Policial Daniella Kades, que está na manhã desta quarta-feira (4), juntamente com três peritos da Polícia Civil, colhendo informações e vestígios dentro do estabelecimento.

Segundo a delegada, não será possível verificar a existência de vestígios de sangue na sala onde Márcio teria sido espancado, porque a polícia não possui o equipamento necessário, luminol, que custa entre entre R$ 1 mil e R$ 2 mil.

A Polícia está em posse das imagens do circuito interno da loja durante todo dia da agressão, 23 de abril. O objetivo da perícia é mapear o estabelecimento. Alguns funcionários das Lojas Americanas também foram ouvidos.

Segundo Daniella Kades as imagens são de qualidade ruim, e os corredores ‘tomados’ por ovos da páscoa também prejudicam a visualização do trajeto de Márcio dentro da loja.

Ainda segundo a delegada, o susto agressor, um segurança identificado como Décio Garcia de Souza alegou que teria usado de defesa própria, pois Márcio teria iniciado as agressões. O funcionário está suspenso pela Lojas Americanas.

Também acompanha a perícia a advogada do estabelecimento, Giulianne Souza.

Adulteração

A filial de Campo Grande das Lojas Americanas encaminhou para a delegada Daniela Kades, do 1º Distrito Policial, um CD com imagens editadas e não as originais e completas como deveria ser para que a autoridade policial pudesse verificar as cenas captadas pelo circuito interno no dia que o vigilante Márcio Antônio de Souza, 33 anos, foi agredido por um segurança do estabelecimento.

A informação sobre a tentativa de manipulação foi repassada a reportagem por meio da advogada de Márcio, Regina Bezerra. Segundo ela, a empresa mandou um DVD com corte na sequencia das cenas e a autoridade policial fez novo requerimento e, ai sim, foram encaminhados outro cinco DVDs, que estão em análise.

O caso

Márcio Antônio disse que no dia 23 de abril, véspera de páscoa, foi até a frente da Americanas (Dom Aquino) entregar um ovo de páscoa para a filha de 11 anos. Feita a entrega ele resolveu atravessar a loja para buscar sua moto que estava estacionada do outro lado (Marechal Rondon).

Quando passava pelo túnel ornamentado com chocolates, foi abordado por um segurança do estabelecimento que acreditava que o rapaz tinha furtado um ovo, pois carregava um no capacete que estava em seu cotovelo.

O rapaz disse que foi levado para uma sala onde foi violentamente agredido. Ele teve o nariz quebrado em três partes e ficou com um dos olhos se abrir até esta terça de manhã. “Já consigo abrir o olho um pouco, ma a visão está bastante ruim”, relata.

Márcio vai retornar à Santa Casa de Campo Grande na próxima sexta-feira para ver se consegue marcar a cirurgia para reconstrução de seu nariz. A operação ainda não foi realizada devido ao inchaço no local.