O ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Strauss-Kahn denunciou nesta sexta-feira (11) o que considerou como um “linchamento midiático”, nas palavras de seus advogados, no caso de lenocínio (exploração ou facilitação da prostituição) investigado em Lille, no norte da França.

O político socialista também pediu para depor “o mais rápido possível”, informou nesta sexta-feira a imprensa francesa, um dia depois da publicação de mensagens de celular supostamente enviadas por Strauss-Kahn a um empresário investigado nesse caso.

“Qualquer pessoa vê o quanto essas informações são mal-intencionadas, sensacionalistas e cheias de intenções políticas. Essa situação não pode continuar”, afirmaram os advogados em comunicado.

“Dominique Strauss-Kahn está disposto a se explicar e pede novamente que seja ouvido o mais rápido possível”, acrescentou a nota.

A imprensa francesa divulgou na quinta-feira o conteúdo de várias mensagens de texto que Strauss-Kahn supostamente enviou por celular ao empresário Fabrice Paszkowski, processado por esse caso, nas quais propunha encontros com “garotas” em lugares descritos como “discotecas picantes”.

A imprensa francesa evitou revelar como teve acesso às mensagens que fazem parte da investigação, embora tenha publicado diversas delas com detalhes.

“Vou levar uma menina a uma ‘discoteca’ de Viena na quinta-feira 14 de maio. Quer vir com uma garota?”, diz uma das mensagens. Em outra, Strauss-Kahn pergunta: “Quer conhecer uma boate em Madri comigo (e com material)?”.

A primeira das mensagens data aparentemente de junho de 2009, segundo o jornal “Libération”, que publicou que há outra mensagem na qual o ex-diretor-gerente admitiu, em 30 de julho de 2010: “São duas da manhã, bebemos uma garrafa de champagne a mais. Minha dívida vai ser enorme”.

Outras das mensagens supostamente enviadas por DSK seriam a prova de que o político socialista teria colocado Paszkowski em contato com importantes políticos franceses.

Por conta deste caso descoberto em Lille, as autoridades judiciais francesas anularam há poucos dias a ordem de fechamento de dois hotéis relacionados ao caso e onde supostamente aconteciam os encontros com prostitutas dos quais Strauss-Kahn teria participado.

O juiz instrutor acusou várias pessoas, entre elas o comissário responsável da polícia de Lille, Jean-Christophe Lagarde, acusado de lenocínio e receptação de apropriação indébita de bens.

O comissário Lagarde é acusado de ter levado prostitutas a grupos de clientes entre os quais o jornal “Le Figaro” citou diretores do clube de futebol de Lille, políticos eleitos dessa cidade, um ex-ministro, responsáveis de um grupo de imprensa e o próprio Strauss-Kahn.

Também foram processados Paszkowski e sua ex-esposa, Virginie Dufour, além do diretor da Eiffage, David Roquet, que foi afastado de seu cargo nessa empresa em caráter preventivo.

De acordo com o “Le Figaro”, em uma inspeção na casa de Roquet, foram encontradas faturas vinculadas a esse caso e em algumas delas havia uma menção a “DSK”.

O nome do ex-dirigente do FMI também foi citado nas escutas feitas pela investigação do caso no início do ano.