Sem-terra continuam ocupando fazenda em Itaquiraí, apesar de vencido prazo para reintegração de posse

Brasiguaios ocupam a fazenda Mestiço, em Itaquiraí, a 410 quilômetros de Campo Grande, desde o dia 9 deste mês. O grupo de 300 famílias que acampava às margens da rodovia MS-487 já recebeu mandado de reintegração de posse emitido pela Justiça, através do juiz substituto da cidade, Eduardo Floriano Almeida. A prazo para desocupação venceu […]

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Brasiguaios ocupam a fazenda Mestiço, em Itaquiraí, a 410 quilômetros de Campo Grande, desde o dia 9 deste mês. O grupo de 300 famílias que acampava às margens da rodovia MS-487 já recebeu mandado de reintegração de posse emitido pela Justiça, através do juiz substituto da cidade, Eduardo Floriano Almeida. A prazo para desocupação venceu à 00h00 desta segunda-feira (24). A pena pelo descumprimento é multa de R$ 5 mil por dia de desobediência à ordem judicial, porém o grupo continua no local.

Segundo Aedelson ‘Cabeção’ Santos, uma das lideranças dos ocupantes, disse por telefone à reportagem do Midiamax em Dourados que o grupo negocia com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) um prazo maior para a saída. Segundo ele, um advogado já teria entrado na Justiça pedindo extensão do prazo para a reintegração, uma vez que os sem-terra não têm um novo lugar para acampar após a saída da propriedade.

O superintendente do Incra , Celso Cestari, explica que uma das possibilidades após a reintegração seria levá-las para o acampamento de onde saíram às margens da rodovia MS-487, que fica próxima a fazenda Mestiço.

‘Cabeção’ afirma que o grupo exige que o Incra vistorie e terra, uma vez que a o relatório que afirma que a terra é produtiva, e que serviu de base para o mandado de reintegração, foi emitido por uma consultoria terceirizada. Para o brasiguaio, o fato de ser uma consultoria particular pode ter influência direta no resultado.

Mas desde janeiro deste ano, por força de decisão judicial, o Incra está impedido de realizar novas vistorias. A decisão é resultado da Operação Tellus, realizada pela Polícia Federal em setembro do ano passado, para investigar irregularidades no Incra e em alguns projetos de assentamento.

A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça Federal proibiu o Incra de realizar vistorias, desapropriar ou adquirir áreas para assentamento na região Sul do Estado, até que seja concluído todo o recadastramento dos assentados. Por conta disso, há um ano todo o processo de reforma agrária em Mato Grosso do Sul está parado.

Brasiguaio é a denominação dada aos sem-terra que foram expulsos do Paraguai e retornaram ao Brasil, Na região de Itaquiraí, cerca de 500 famílias de brasiguaios estão acampadas à beira de rodovias, à espera de terra da reforma agrária. No Sul do estado, vivem em acampamentos à beira de rodovias cerca de dois mil brasiguaios, todos à espera de terras.

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