Enquanto a segurança é elogiada na Rodoviária Nova, ”terminais improvisados” nas saídas de Campo Grande não oferecem nenhuma estrutura para passageiros, que reclamam da distância.

Inaugurado às 0h18 do dia 1º de Fevereiro de 2010, o terminal Antônio Mendes Canales, colocou fim a uma longa polêmica sobre o transbordo de passageiros em Campo Grande. Agora, após um ano, a população aponta prós e contras da nova rodoviária da Capital. A distância é a maior reclamação, e criou até pontos alternativos de embarque nas saídas da cidade.

“É bem mais estruturado aqui, mais bonito, o complicado que ficou muito longe, tenho carro mas não tenho como deixar ele aqui”, comentou Faustino Alves, 40 anos, morador do bairro Planalto. Faustino, que esperava um ônibus para Dourados, ainda ressaltou que a antiga rodoviária, no centro da Capital, era “muito feia”.

A opinião parece ser unânime entre campo-grandenses, e também para moradores de outro estranho. Aguardando para voltar a sua cidade natal, Pirapozinho (SP), o cantor Milton Deline afirmou que ficou complicado visitar os parentes.

“Veio aqui sempre, ver os parentes. Demora muito pra chegar à casa deles e sai caro, e lá no bairro Santa Luzia, e demora muito o ônibus”, comentou Deline.

Quem parece estar mais feliz com a mudança são os taxistas do novo terminal. Desde 86 trabalhando na antiga rodoviária, e agora na nova, Ocarico Rodrigues, de 50 anos, acredita ganhar mais dinheiro agora, além de ter mais segurança.

“O número de passageiros não mudou muito, mas as viagens são mais longas, então ganhamos mais, chego a andar 200 km por dia levando passageiros. E também é muito mais seguro”, finalizou o taxista, que contou que, na antiga rodoviária, chegou a ser roubado. No caso, foi levado até a saída de Aquidauana, os ladrões levaram o carro e o deixaram amarrado. Depois de conseguir se livrar das cordas, chamou a polícia. O carro foi recuperado em Rio Brilhante.

Segundo a Concessionária do Terminal Rodoviária de Campo Grande somente em 2010 cerca de 1,5 milhão de passageiros embarcaram e desembarcaram no terminal, em aproximados 127 mil ônibus.

“Terminais improvisados”

A distância do novo terminal rodoviária acaba por atrapalhar quem mora em locais afastados. Em um “entreposto” na avenida Dr. Gunter Hans (continuação da avenida Mal. Deodoro), seis pessoas esperam o ônibus para Sidrolândia sob o sol intenso de Campo Grande. Não há proteção e os poucos bancos de madeira foram cedidos por ambulantes.

“Tem que pegar aqui mesmo, antes dava pra ir na rodoviária, agora é sem condições, muito longe”, relata a aposentada Albertino Araújo, 58, que esperava sentada em uma cadeira de plástico à beira da rodovia.

Ao lado de Albertina também esperava a filha, Fabiana Gonçalves, de 22 anos. “Ainda bem que o amigo aqui do lado empresta as cadeiras, se não tínhamos que sentar no chão”, comenta apontado um vendedor próximo.

Além das duas, dois homens e outra mulher esperavam no local. Um deles, Antônio Alves Fagundes, 50, reclamou também do valor das passagens: “Dependendo da linha, muda o valor, a diferença é pouca, mas nunca sabemos quanto vão cobrar. Vou três vezes por semana pra Sidrolândia e sempre é esse descaso”, desabafou o pequeno produtor rural.

Todos os que aguardavam o transporte reclamaram da lotação dos ônibus e da cobrança da taxa de embarque. Nas linhas citadas só atua a empresa Cruzeiro do Sul.

Possíveis ampliações

Durante evento em Dourados, o prefeito da Capital Nelsinho Trad (PMDB) afirmou que, se necessário, o terminal Antônio Mendes Canale será ampliado.

“Acompanhamos o trafego do terminal via agência de regulação, conforme a necessidade daremos umas melhorias na rodoviária”, afirmou Trad, que se disse feliz pelo fato da população “reconhecer que a rodoviária ficou melhor que o aeroporto.

Quanto à antiga rodoviária, localizada no centro de Campo Grande, a assessoria de imprensa da Prefeitura esclareceu que o imóvel, de 25 mil metros quadrados, é particular, sendo somente as antigas áreas de embarque e desembarque da prefeitura. Porém, ainda segundo a assessoria, a Prefeitura se comprometeu a auxiliar na revitalização do local.

Até o momento, só foi anunciada a instalação da nova sede da Guarda Municipal na antiga rodoviária.