Apesar da prisão do traficante Nem (líder do tráfico de drogas na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio) não ter sido marcada por troca de tiros, muitos moradores de São Conrado temem que a ocupação da favela pela polícia nos próximos dias seja marcada por confronto e leve pânico às redondezas.

Para muitos, o medo é de que o episódio repita o susto vivido em agosto do ano passado, quando bandidos em fuga invadiram o Hotel Intercontinental, no mesmo bairro, provocando intenso tiroteio. “Já ficamos sabendo pelos próprios moradores da Rocinha que os traficantes estão montando barricadas dentro da favela. Espero que não haja tiroteio, mas acredito na resistência dos marginais. Meu maior medo é ter que ficar abaixada no chão da minha casa de novo.

Quando invadiram o Intercontinental, parecia que os tiros eram dentro do meu prédio”, relembrou a professora de inglês Cristina Souza, 51 anos, moradora de São Conrado há 18 anos. Assustada, ela cobra inteligência da polícia: “Espero que não voe bala para todos os lados e que as polícias civil e militar abusem de inteligência, não de truculência”, exigiu.

A psicóloga Ada Maria Araújo afirma que o momento que antecede a entrada da polícia na Rocinha é de muito medo e apreensão. “Os bandidos podem ficar encurralados e enfrentarem a polícia. Neste caso, o prejuízo será dos moradores da comunidade e dos prédios luxuosos do entorno”, temeu. Para o economista Átila Csernok, a prisão de Nem revela como será a ocupação da comunidade vizinha ao seu prédio.

“Prenderam esse líder (Nem) sem tiroteio. Acredito que o mesmo vai acontecer quando a polícia adentrar efetivamente a comunidade. Estou muito otimista com a melhoria não para nós, ricos, mas para os moradores da favela”. Para ele, é uma oportunidade de a população pobre daquela região ter acesso aos serviços básicos, como saneamento básico.

Na tarde desta sexta-feira (11), cerca de 80 PMs do Batalhão de Choque (BPChoque) reforçavam o policiamento nos acessos à favela. Carros e vans que adentravam ou desciam o morro eram revistados pelos policiais. Muitos moradores que deixaram a favela com mochila também foram abordados durante a revista.

A intenção é impedir a fuga de traficantes. Voo livre para durante ocupação da Rocinha As decolagens de asa-delta e parapente da Pedra Bonita, em São Conrado, serão paralisadas das 2h de domingo (13) às 18h de segunda-feira (14). As atividades, segundo o Clube São Conrado de Voo Livre, serão suspensas já que o espaço aéreo será fechado para a pacificação da favela da Rocinha.

Ainda segundo informações do clube, cerca de 300 voos esportivos e de instrução são realizados na região por dia. De acordo com determinação da Aeronáutica, o espaço aéreo no entorno da Rocinha será fechado, num raio de 3 km, para a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).