O comportamento do rio Paraguai que ao longo deste mês subiu 35 centímetros – passando de 5,25 metros em 1º de maio para 5,60 m nesta quinta-feira, dia 26, na régua de Ladário – caminha para a confirmação da previsão da Embrapa Pantanal que apontava que a altura máxima do rio ficasse próximo dos seis metros. O que caracterizaria uma cheia normal, que é aquela que compreende de 5 m a 5,99 metros. Cheia igual ou superior a 6 metros é considerada como super cheia.
Ao longo deste mês, o rio Paraguai subiu pouco mais de 1 centímetro por dia, numa clara mostra que reduziu a força de subida, que em março chegou a média de quatro centímetros diários. Em abril, essa marca diária ficou na casa dos três centímetros.
Previsão da Embrapa Pantanal, apresentada em 31 de março, estima que o pico da cheia do rio Paraguai, na régua ladarense do Serviço de Sinalização Náutica do Oeste, deve oscilar num intervalo de segurança entre 5,10 metros e 5,96 metros. O pico era esperado para o período entre 22 de abril e 05 de maio, mas o rio continua subindo. Só nesta semana pulou de 5,56 metros no domingo, dia 22, para os 5,60m desta quinta, 26.
A maior cheia do século passado ocorreu em abril de 1988, quando o rio Paraguai, atingiu a marca de 6,64 metros na régua de Ladário, superando os 6,62 m de maio de 1905. A última grande cheia ocorreu em 1995, considerada a terceira maior, com pico de 6,56 metros.
Mas, a que mais prejuízos causou para a pecuária bovina do Pantanal, foi a de 1974, quando milhares de cabeças de gado morreram. Apesar de o pico (nível máximo) ter sido inferior a 6 metros (5,46 m), o fato de ter ocorrido após o mais longo período de seca do Pantanal, pegou os pecuaristas de surpresa.
Durante o período de 1964 a 1973, que antecedeu a essa cheia, o nível máximo registrado na régua de Ladário tinha sido de apenas 2,74 metros.
Prejuízos
Parecer técnico da Embrapa Pantanal sobre a evolução da cheia de 2011 no Pantanal Sul e os impactos para a pecuária nos seis principais municípios da região da planície pantaneira sul-mato-grossense – Corumbá; Coxim; Rio Verde; Aquidauana; Miranda e Porto Murtinho -, que embasou decreto do Governo do Estado declarando situação de emergência na região pantaneira de Corumbá, estima prejuízos de quase R$ 200 milhões com a cheia dos rios. Juntas, essas cidades têm rebanho com 2.420.702 reses [sendo 1,9 milhão de cabeças só em Corumbá].
De acordo com relatório, as perdas são divididas em vários setores do processo produtivo. Só com a quebra na produção o prejuízo financeiro é calculado em R$ 13.934.200. Há ainda perda com diminuição na taxa de natalidade, avaliada em torno de 10% do rebanho, com isso são mais R$ 24,5 milhões perdidos. Também entrou no cálculo a morte de bezerros nascidos, em que se estima perder R$ 13,7 milhões levando-se em consideração a taxa de 10%.
O montante chega aos R$ 190 milhões quando entram na balança as perdas médias de peso das matrizes de cria. São estimados, nesse quesito, um total de R$ 139.782.720 em prejuízos. Só em Corumbá, calculam-se perdas de R$ 120 milhões.
Previsão da CPRM
Por outro lado, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia (MME), também mantém serviço de previsão hidrológica e de alerta de enchentes no Pantanal com o objetivo de subsidiar ações de defesa civil e de proteção ambiental; o manejo pastoril e a navegação interior, minimizando danos materiais à população e às atividades econômicas da região relativa aos cursos d’água da bacia do Alto Paraguai.
O relatório da CPRM com a previsão de níveis do rio Paraguai para o Pantanal previa para hoje, 27 de maio, a marca de 5,60 na régua de Ladário, atingida com um dia de antecedência. O serviço estatístico da Companhia de Pesquisa prevê que até 17 de junho, a altura do rio alcance a marca de 5,75 metros na centenária régua do 6º Distrito Naval.
Análise dos dados colhidos em 110 anos de observação da régua da Marinha do Brasil em Ladário mostra que por 50 vezes a altura máxima anual do rio Paraguai foi atingida em junho; 25 em maio; 21 em julho; 11em abril; 2 março e uma em agosto. Quanto aos índices mínimos anuais, 31 ocorreram em novembro e dezembro; 27 em janeiro; 16 em outubro; 4 em setembro e uma em fevereiro.