Quem passa pela rua Reia, no bairro Vila Rosário, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, não imagina que no restaurante do Mussarela existe uma verdadeiro tesouro. Não, o paraibano Carlos Antônio Clementino dos Santos, o Mussarela, de 53 anos, não guarda dinheiro ou joias. Sua ‘riqueza’ é líquida, deriva da cana de açúcar e está engarrafada.
O restaurante simples, especializado na culinária nordestina, é uma referência quando o assunto é cachaça. São mais de 300 rótulos diferentes, com exemplares que chegam a custar R$ 985, como a Dona Beja, envelhecida 12 anos, cuja dose vale R$ 70.
O valor, mais de R$ 1 por mililitro – já que a garrafa tem 700 ml – é muito maior do que o de algumas garrafas de uísque consideradas caras, como o Blue Label, com malte 25 anos, que custa até R$ 600, e o Royal Salute, 21 anos, que chega a custar R$ 400.
Mussarela, que ganhou o apelido quando trabalhava com a venda de laticínios, garante que a cachaça não envelhece na prateleira.
– Compramos umas duas garrafas por vez porque é um produto caro. Mas tem saída sim. Quem aprecia cachaça paga. Recebemos muitas pessoas que vêm de longe, como da zona sul do Rio e até de outras regiões, como Nova Friburgo [região serrana], por exemplo.
O comerciante é exigente e se recusa a trabalhar com aguardentes de baixo preço.
– Só temos produtos de boa qualidade, cachaça de alambique. Não posso vender um produto que a garrafa custa R$ 3, R$ 4, se uma garrafa de álcool custa R$ 5. Outro dia, um rapaz esteve aqui e pediu para tomar apenas R$ 10 dessa cachaça de R$ 985. Tirei a rolha e pedi para ele dar uma cheiradinha.
Existem ainda outras cachaças com preços surpreendentes. Uma garrafa de Anísio Santiago custa R$ 496. Já a Germana 10 anos sai a R$ 298 e a Vale Verde, R$ 275. Mas há também cachaças mais acessíveis: a mais em conta custa R$ 17.