O Parlamento grego aprovou nesta quarta-feira em primeira votação um novo pacote de medidas de austeridade fiscal destinadas a evitar uma moratória, apesar dos violentos protestos durante a maior manifestação dos últimos dois anos contra as impopulares medidas.

Todos os 154 deputados do partido governista Pasok (socialista) votaram a favor das medidas, que deverá passar por uma segunda votação na quinta-feira. Horas antes, policiais entraram em com manifestantes vestidos de preto em frente ao Parlamento, quando uma greve convocada pelas duas principais centrais sindicais degenerou em violência.

A vista da antiga Acrópole ficou obscurecida pela fumaça da queima de pneus e de lixo, e um edifício bancário foi desocupado ao ser incendiado por coquetéis molotov.

Grande parte do país parou devido à greve geral de 48 horas, a maior desde o início da crise, há dois anos. Órgãos públicos, escritórios e lojas pararam de funcionar, e pelo menos 100 mil pessoas saíram às ruas de Atenas.

‘É uma das maiores manifestações dos últimos anos. As pessoas se mostraram determinadas a protestar contra essas políticas’, disse Mary Bossis, professora de Segurança Internacional na Universidade de Pireus.

‘Não encerramos esses protestos. Chegamos a um ponto em que as pessoas não sentem que o governo as representa mais, elas querem uma mudança completa’, acrescentou.

O impopular primeiro-ministro grego, George Papandreou, fez um apelo para que a população apoie as novas medidas, que incluem elevação de impostos, corte de salários e demissões no setor público.

Mas o clima entre os manifestantes era de fúria. Após repetidos arrochos, os gregos se mostram cada vez mais hostis aos seus políticos e aos líderes internacionais que exigem medidas duras para enfrentar a enorme dívida pública.

‘Quem eles estão tentando enganar? Eles não vão nos salvar. Com essas medidas, os pobres ficam mais pobres, e os ricos, mais ricos. Bom, eu digo: ‘Não, obrigado, não quero o resgate de vocês”, disse o funcionário público Akis Papadopoulos, de 50 anos.

Após os incidentes na praça Syntagma, em frente ao Parlamento, a polícia desocupou o local usando gás lacrimogêneo, mas alguns manifestantes, a maioria jovens, continuaram travando confrontos em ruas próximas.

Pelo menos sete pessoas foram levadas para um hospital, e houve vários outros casos relatados de pessoas com ferimentos leves, problemas respiratórios e pequenas queimaduras. A polícia disse que 28 manifestantes foram detidos, e que 25 policiais ficaram feridos.

Confrontos marcaram as manifestações também na ilha de Creta, onde mais de 20 mil pessoas aderiam, e nas cidades de Tessalônica, Volos, Lamia e Patras, segundo a polícia.

Em Atenas, onde mais de 7.000 policiais estavam mobilizados, muitas lojas pregaram tábuas nas suas vitrines, e pelo menos três bancos e três hotéis sofreram danos.