Enchentes e desabamentos em rio na av. Geisel não foram previstos por Puccinelli quando prefeito e pelo secretário de Obras Giroto

Na estação de chuvas que se aproxima, moradores e comerciantes da região esperam enfrentar, de novo, problemas decorrentes de obras

Em duas reportagens sobre a cratera do bairro Nova Lima, a reportagem do Midiamax mostrou problemas apontados pelos moradores, relativos à má qualidade das obras de drenagem da rua Marquês de Herval, que acabou por criar voçorocas gigantes, que engoliram a pista e parte da mata onde se encontram nascentes que foram o córrego do Segredo.

Para checar o “padrão” dessas obras realizadas ao tempo da dupla Puccinelli e Giroto à frente da prefeitura de Campo Grande, a reportagem seguiu o curso do Segredo, até onde ele se funde com o córrego Prosa, formando ao rio Anhanduizinho, na Avenida Geisel, a partir da avenida Fernando Corrêa da Costa.

É exatamente no ponto de fusão dessas águas que se encontram os grandes problemas de enchentes e desabamentos na região onde Campo Grande nasceu, e que são recorrentes na época das chuvas.

A reportagem apurou que os desabamentos na avenida Geisel se devem a uma escolha da prefeitura, à época, sobre o tipo de contenção que seria empregada nas margens de terra do Anhanduizinho – que desabam todo ano.

Ao contrário do que se vê na região mais central da avenida Geisel – onde há paredes de concreto laterais para evitar a erosão da terra, e da pista de rolamento – no trecho entre a avenida Fernando Corrêa da Costa até o final, na Avenida Campestre, há pouca proteção ou nenhuma.

A escolha foi do próprio prefeito Puccinelli, auxiliado pelo seu secretário municipal de Obras, que ficou no cargo por 10 anos seguidos. É o que o ex-prefeito revela no “Livro Memória, A Cidade na Visão dos seus Prefeitos”.

Ao comentar a forma de fazer o prolongamento da Geisel, Puccinelli afirma que a opção por não “emparedar” o rio foi a mais acertada:

“(…) recuperamos a área sem emparedar os córregos (…) Todos os córregos margeados pela Salgado Filho, Manoel da Costa Lima, Arquiteto Vilia Nova Artigas e Camprestre não estão emparedados (…) Quando há espaço suficiente, a plantação de grama permite fazer campos de futebol. Daqui até a margem direita da Avenida Campestre há quatro campo de futebol (…).  No caso do Bandeira, só resta emparedar para fazer o viaduto e a rotatória. Mas dali para cima, tudo desemparedado, respeitando 30 metros, e gramadão, gramadão e gramadão, campinhos de futebol. Fica mais bonito, plasticamente melhor, serve para o lazer”. 

Com essa escolha, na urbanização de fundo de Vale do Córrego Segredo a prefeitura canalizou 760 metros, a partir de julho de 2001. Em julho de 2001 Giroto declarou que a obra, junto com a extensão da Geisel, custou R$ 13,2 milhões.

Ok, mas faltou combinarem tudo isso com a natureza. Além disso, o crescente asfaltamento de Campo Grande contribuiu para o aumentar o calor na cidade e influir no volume de chuvas. As canalizações ficaram pequenas, e a água vaza por cima.

De lá para cá, o que ocorre no trecho é bem conhecido em Campo Grande. Enchentes, desabamento da pista, interdição. Como também são dramaticamente conhecidas as enchentes do córrego do Prosa, na avenida Fernando Corrêa da Costa.

Giroto responsabilizou a mudança de clima
Em março de 2010, ao comentar as enchentes recorrentes na área, secretário estadual de Obras do MS, Giroto afirmou: “Tenho ciência do que está acontecendo, fui secretário de Obras do município e o fato é que os tubos e canais que passam sob ruas e avenidas estão subdimensionados. O volume de cheia atual tem um poder de concentração muito mais rápido e que nós, engenheiros, não estávamos preparados para oferecer uma solução. Esses tubos foram dimensionados com dados referentes à média de precipitação pluviométrica dos últimos 50 anos, agora esses números estão mudando, está chovendo muito mais em menos tempo, então vamos nos preparar para os próximos 50 anos”.