Como era esperado, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, anunciou num discurso nesta terça-feira (1º) que não será candidato à reeleição. O líder egípcio culpou a manipulação da oposição pelos protestos que pedem o fim do regime autoritário.

Analistas já indicavam que o presidente deveria indicar o filho como candidato, mas a onda de protestos que pode ter deixado mais de 300 mortos mudou de vez os planos do regime.

O anúncio não deve acalmar os manifestantes. Assim que Mubarack terminou seu discurso, os milhares reunidos no centro do Cairo gritaram frases de prostestos, como “Saia, saia, saia” e “Dê o fora”..

Mubarak, que governa o país com mão de ferro há três décadas,  disse que não vai se “apresentar como candidato nas próximas eleições” porque serviu o Egito “por tempo suficiente”.

– Eu vou trabalhar para a transferência de poder de uma maneira em que as demandas do povo seja atendidas.

O presidente tentou ganhar a confiança dos manifestantes, chamando-os de “cidadãos honestos” , mas culpou a oposição por espalhar o “caos” no país para se aproveitar da situação.

Regime pode estar perdendo apoio do Exército

Mesmo após mudanças no governo, e sob pressão da comunidade internacional, o presidente vê enfraquecer o apoio que tem do Exército. Nesta terça-feira (1º), os militares permitiram a manifestação que convocou um milhão de pessoas às ruas.

Um dos líderes da oposição, o Prêmio Nobel da Paz Mohammed El Baradei se encontrou hoje com o Embaixador dos Estados Unidos, país que foi aliado do regime de Mubarak, em mais um sinal de fraqueza ao líder egípcio.

O presidente Barack Obama também se reúne com conselheiros de segurança nesta tarde para discutir a crise egípcia.

ElBaradei voltou a pedir a renúncia de Mubarak, dizendo que ele “deve sair para evitar um banho de sangue”.

Protestos reúnem todas as classes

No centro do Cairo, há egípcios de todas as idades e origens. Há não religiosos, muçulmanos e cristãos. O cartaz de Nader e Ihab, dois jovens da minoria copta, é um exemplo disso.

Antes de entrar na praça, os manifestantes tiveram de se submeter a controles de identidade por parte dos militares que vigiam os acessos a Tahrir.

As Forças Armadas continuam com uma boa imagem entre os manifestantes.

Quando um ônibus cheio de soldados tenta abrir passagem a buzinadas, a multidão grita e aplaude.