Praticantes protestam contra preconceito e falsos sacerdotes de religiões afro-brasileiras
Após homem que se apresentava como pai-de-santo ser acusado de abusar de crianças durante rituais religiosos em Campo Grande, Federação quer filiar mais de 4 mil templos cladestinos em Mato Grosso do Sul.
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Após homem que se apresentava como pai-de-santo ser acusado de abusar de crianças durante rituais religiosos em Campo Grande, Federação quer filiar mais de 4 mil templos cladestinos em Mato Grosso do Sul.
O episódio de um homem que, se apresentando como ‘pai-de-santo’, teria abusado sexualmente de crianças durante supostos rituais religiosos, provocou a reação dos praticantes de religiões afro-brasileiras e ameríndias, como o candomblé e umbanda.
Neste sábado (9) eles realizaram um protesto no centro de Campo Grande em repúdio ao caso policial e ao preconceito. Vestidos à caráter, praticantes chamaram a atenção na Praça Ary Coelho e explicaram detalhes dos cultos afro-brasileiros desconhecidos pela maior parte da população.
De acordo com o presidente da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros e Ameríndios do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecams), Irbs Barbosa dos Santos, é necessário esclarecer e tranquilizar a população. “Nós queremos deixar bem claro a toda população que este homem não era filiado à Fecams. Nós não o conhecíamos, ele não fazia parte do nosso meio. Todos nós aqui somos pessoas idôneas e de respeito”, explica.
Para o presidente, o caso do homem que se passou por falso sarcedote pode acontecer. “Hoje somos 5 mil templos no Estado, mas apenas 600 são filiados à Federação. Isto que aconteceu pode acontecer novamente. Por isso, nós já procuramos o apoio policial para coibir”, conta.
A yalorisá Mãe Zilá, de 55 anos, diz que nem o termo ‘pai-de-santo’ é usado mais. “Hoje não se utiliza esses termos mãe-de-santo ou pai-de-santo. Nós somos yalorisá, babalorisá, ou simplesmente sacerdotes. A expressão ‘centro espírita’ também não se utiliza mais. No nosso caso, temo templos. E hoje nós queremos que a população saiba que somos pessoas idôneas, que temos a nossa religião”, resume.
Ela revela que, logo após o caso se tornar público, chegou a temer pela própria segurança. “Eu fiquei com muito de ser apedrejada na rua, e tudo por causa de uma pessoa que a gente sequer conhece”, comenta.
FECAMS
Segundo o presidente da Fecams, quem mantém templos deve se filiar à Federação. “Nós queremos que todos fiquem amparados pela lei estadual 910, que prevê que o templo só pode funcionar com um alvará, que nós emitimos. Desta forma, a população vai poder ser certificar sobre a idoneidade da pessoa”, explica.
Quando os requisitos para filiação são atendidos, a entidade emite um laudo e uma carteirinha, além de uma certidão de idoneidade, para os frequentadores se certificarem de que é um templo reconhecido.
Diferenças
As diferenças entre ritos muitas vezes causam confusão. Segundo o preticante de uma religião afro-brasileira Luiz Junot, de 54 anos, candomblistas seguem uma religião africana e cultuam orixàs, enquanto umbandistas têm raízes religiosas indígenas e cultuam pretos-velhos, numa religião exclusivamente brasileira. “Eles colocaram as imagens dos santos da Igreja Católica para cultuar seus orixás”, explica.
Ainda segundo ele, todas as religiões praticam o bem. “A nossa não é diferente. Praticamos o amor e todos somos irmãos”, conclui.
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