O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, se reuniu neste sábado (5) com o presidente do país, Karolos Papoulias, para formar um governo de união nacional e ratificar o acordo de resgate fechado com a União Europeia.

Logo após a rápida reunião com Papoulias, Papandreou afirmou a jornalistas que estes são “tempos difíceis” na Grécia, se referindo à crise no país, e acrescentou que as negociações para a formação de um governo de consenso vão começar em breve.

“Para criar esta cooperação mais ampla, vamos começar os procedimentos e contatos necessários em breve”, disse o primeiro-ministro grego em frente ao Palácio Presidencial, segundo a agência de notícias Reuters.

Antes de entrar na reunião com o presidente, Papandreou disse que a cooperação dentro do governo grego era “necessária para garantir, para a Grécia e nossos parceiros, que podemos honrar nossos compromissos”.

“Temo que a falta de cooperação possa prejudicar a forma como nossos parceiros veem nossa vontade de permanecer no núcleo central da União Europeia e (da zona) do euro”, afirmou.

Moção de confiança
A reunião deste sábado com o presidente Karolos Papoulias ocorreu logo depois de Papandreou ganhar uma moção de confiança do Parlamento na noite de sexta-feira. Com 153 votos a favor e 145 contra, o líder grego não precisou renunciar, permanecendo à frente do governo para lidar com a crise que assola o país e ameaça a moeda única europeia.

Antes da votação, Papandreou defendeu a implementação do acordo de resgate fechado com a União Europeia. “É uma prioridade nacional”, disse.

Na quinta-feira, diversos deputados aliados se rebelaram e alguns pediram a renúncia de Papandreou. A moção de confiança foi votada após o Papandreou convocar um polêmico referendo sobre o acordo com a União Europeia, dividindo o governo.

No discurso, o primeiro-ministro argumentou que a convocação de eleições “paralisaria o país” e seria uma “catástrofe” neste momento.

“(Trata-se) de um acordo que nos dá segurança, que nos garante nosso espaço na Europa. Um acordo que nos permite zerar boa parte de nossas dívidas e pagar menos juros. Isso facilita nossa caminhada nos próximos anos”, disse.

Divisão
A divisão na coalizão de governo aflorou após Papandreou convocar, de surpresa, um referendo sobre o acordo da Grécia com a União Europeia, fechado na última semana.

Após o anúncio, Papandreou foi chamado para uma conversa urgente durante a cúpula do G20, em Cannes, na quarta-feira, onde o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel disseram que qualquer referendo levantaria a questão sobre se a Grécia quer permanecer na zona do euro.

Mais cedo, diante da perspectiva de renúncia de Papandreou, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse esperar que a Grécia forme um governo de unidade nacional e permaneça na zona do euro.

“Se há um momento para uma união nacional na Grécia, é agora”, afirmou Barroso, em entrevista à BBC Brasil.

Ele afirmou que “a Grécia está em uma das situações econômicas mais críticas em que um país pode estar”. “Eles estão à beira da bancarrota – se não houver uma resposta adequada, não terão dinheiro para pagar escolas, hospitais e as funções básicas do Estado.”
“É uma situação excepcionalmente séria”, disse.

Entretanto, o chefe do braço executivo europeu admitiu a possibilidade de o país abandonar a moeda comum, se este for o seu desejo.

“Cabe a eles decidir se querem ou não permanecer na zona do euro”, ponderou o português.

“Acreditamos que é de interesse deles, e queremos que eles fiquem. Acho que o princípio de um país abandonar o euro não é bom. Mas no fim das contas, depende de eles implementarem as decisões tomadas em conjunto.”
Acordo
O acordo, fechado em 28 de outubro, prevê fortes ajustes nas contas gregas, assim como a redução de 50% da dívida do país junto a credores privados, fruto de uma longa negociação com os bancos.

Além disso, os países da zona do euro concordaram em conceder à Grécia um segundo pacote de ajuda no valor de 130 bilhões de euros, em troca da adoção de medidas de austeridade que incluiriam o corte de salários e a demissão de funcionários públicos.

Analistas dizem que a zona do euro deve resolver rapidamente o problema da Grécia, para evitar que a crise se espalhe por outras economias vulneráveis, especialmente a Itália.