Murilo promete ‘pente fino’ em contratos com empreiteiras implicadas na Uragano

Em entrevista exclusiva ao Midiamax, o prefeito recém-eleito diz que vai priorizar a saúde e anunciou que suspendeu todos os pagamentos até a revisão de contratos.

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Em entrevista exclusiva ao Midiamax, o prefeito recém-eleito diz que vai priorizar a saúde e anunciou que suspendeu todos os pagamentos até a revisão de contratos.

Manhã de sábado na sede da Prefeitura de Dourados. O pessoal da jardinagem apara a grama e ordena o pátio. O cheiro de tinta fresca toma conta dos corredores, por onde circulam assessores, secretários e consultores. Toda a movimentação evidencia o propósito anunciado de “colocar a casa em ordem”.

Pontual, o prefeito Murilo Zauith chega às 9h30 e, antes de se juntar ao grupo de trabalho em período extraordinário, conversa com a reportagem do Midiamax. Plano de administração e projeto político são os eixos da conversa. Pouco eloquente, mas tranquilo, o prefeito recém-eleito fala também das finanças e diz que é preciso “respeitar o dinheiro”. Confira a entrevista:

Midiamax – Nestes primeiros poucos dias de Prefeitura, o senhor teve surpresas, ou ficou tudo dentro do esperado?

Sem surpresas, está tudo tranquilo.

Midiamax – O que o senhor classificaria como desafio neste início de administração?

O principal é colocar a casa em ordem, principalmente na área social, com relação à saúde.

Midiamax – Existe alguma questão específica, dentro da saúde, que o senhor classificaria como mais urgente ou emergencial?

É garantir os remédios, principalmente os medicamentos que as pessoas atendidas pelo PSF [Programa Saúde da Família] precisam, que são de uso contínuo. Porque, sem isso, não há nem sentido. Nós temos também um projeto para a saúde básica, com médicos e atendimento nas especialidades, além de colocar atendimento até às 22h em alguns postos de saúde. Isso é fundamental para que as pessoas parem de procurar atendimento direto nos hospitais.

Midiamax – Como o senhor pretende conduzir a questão dos contratos da Prefeitura com empresas que estão envolvidas nas denúncias levantadas pela Operação Uragano?

Estão suspensos todos os pagamentos. Estamos formando uma comissão com técnicos da área de cada contrato para analisar cada um e enquadrar tudo às normas. O Tribunal de Contas esteve aqui na quinta-feira [24/02] e vai pegar a documentação a partir de setembro, quando assumiu o juiz prefeito Eduardo Rocha, e vai passar um pente fino em tudo que foi pago, a quem foi pago, por que foi pago. E nós vamos fazer um levantamento do patrimônio da Prefeitura, porque nessas trocas de administrador não houve nenhum inventário do patrimônio.

Midiamax – A operação tapa-buraco que foi licitada pouco antes da sua eleição, e teve inclusive o contrato aditado contrato, também está suspensa?

Está suspensa, o serviço está parado, e nós estamos verificando o contrato com a empresa.

Midiamax – O senhor tem uma previsão de prazo para estarem concluídas essas auditorias?

O pessoal já está todo aí, já estamos trabalhando. Também fizemos um Decreto “descontratando” mais de 500 funcionários de cargos comissionados e de outros 300 tirando os “penduricalhos” do pagamento [gratificações]. E para que tudo isso? A gente precisa ter o controle, ter a Prefeitura na mão. A Prefeitura precisa passar a ter poder de investimento próprio. A administração não pode ficar correndo atrás só de cobrir a folha de pagamento. Isso não é projeto. A população não quer isso. Nós temos um plano de trabalho e vamos fazer tudo para executar esse plano.

Midiamax – O senhor acredita que vai ter tempo para executar seu plano em tão pouco tempo de mandato?

Vai depender do fluxo de caixa que eu conseguir estabelecer. Nós temos que respeitar o dinheiro, saber arrecadar e saber gastar bem.

Midiamax – Politicamente, o senhor avalia que vai ter problemas durante a gestão com tantas forças diversas que se agregaram para a sua eleição?

Não, de maneira nenhuma. Todos os 15 partidos que vieram para a coligação vieram com o propósito de trabalhar, sabendo do período difícil que temos pela frente. Então o que ficou combinado é que nós vamos administrar. E na época de fazer política, aí vamos fazer política, quando chegar a campanha eleitoral. Temos que ter maturidade para chegar ao ano que vem e apresentar para a população o trabalho que foi feito, mostrar o que os 15 partidos fizeram por Dourados. Durante este ano o que vai ter é trabalho, muito trabalho. Tanto que nós estamos reunidos aqui, trabalhando no sábado.

Midiamax – O que o senhor acha do ex-prefeito Ari Artuzi? O que o senhor acha que ele deve ser responsabilizado, ou o que deve acontecer a ele?

Eu não acho nada. Ele hoje é um cidadão comum que tem problemas com a Justiça. Só isso.

Midiamax – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou que vai deixar o DEM até o final de março e que tem a intenção de formar um novo partido, em fusão com o PSB. O senhor foi consultado ou convidado, conversou sobre isso? E o senhor ingressaria nessa nova sigla?

Nós conversamos, sim. Ele [Kassab] esteve em Campo Grande, e queria levar o partido para esse projeto. Basicamente o que acontece é que o DEM tem dois grupos. Um grupo, a que pertence o nosso deputado Mandetta, que é o grupo que ganhou a liderança do partido e vai conduzir o DEM nas eleições do ano que vem, e outro grupo, que é o do Kassab, ligado à senadora Kátia Abreu. E ela está vendendo o projeto político dela para se manter na CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil]. Todo o projeto político partidário que ela construiu no DEM, está jogando fora para se manter no poder.

Midiamax – O senhor acredita que essa dissidência e a formação de uma nova sigla vão provocar mudanças no cenário político de Mato Grosso do Sul?

Não, acredito que não. O DEM de Mato Grosso do Sul é do grupo que ganhou a liderança do partido, o mandato do deputado Mandetta, que tem um trabalho, e não está lá [no Congresso] para fazer uma oposição radical. O grupo do Kassab está se alinhando com o PMDB. E nós não pretendemos uma oposição feroz. Ao contrário, temos um canal aberto e temos toda a condição de discutir com o governo os projetos que são importantes.

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