Líderes mundiais celebraram na sexta-feira a renúncia de Hosni Mubarak como presidente do Egito, dizendo partilhar da alegria do povo egípcio e torcerem para que a transição para a democracia seja pacífica.

“Hoje é um dia de grande alegria”, disse a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, em entrevista coletiva. “Somos todos testemunhas de uma mudança histórica. Compartilho da alegria do povo nas ruas do Egito.”

A reação mais esperada é a de Washington, onde o presidente Barack Obama deve fazer um pronunciamento ainda na sexta-feira. A Casa Branca disse que ele assistiu pela TV às cenas do Cairo, após ser informado de que Mubarak decidiu deixar o cargo que ocupou nos últimos 30 anos.

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, disse que se trata de um momento “crucial” na história do Egito e do Oriente Médio.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que “ao renunciar, (Mubarak) ouviu as vozes do povo egípcio e abriu caminho para reformas mais rápidas e profundas”.

“É importante agora que o diálogo seja acelerado, levando a um governo de base ampla, que respeite às aspirações do povo egípcio e lhe garanta estabilidade.”

A Suíça disse que congelará patrimônios que possam pertencer ao ex-ditador.

Em Israel, uma fonte de alto escalão do governo disse esperar que a renúncia de Mubarak não leve a mudanças nas relações do Estado judeu com o Egito, que foi o primeiro país árabe a fazer a paz com Israel.

O tratado de paz de 1979 é um dos fundamentos da diplomacia do Oriente Médio, embora seja impopular junto a muitos egípcios. Nos últimos dias, autoridades israelenses vinham manifestando a preocupação de que os sucessores de Mubarak se distanciem das políticas dele.

“É cedo demais para antever como (a renúncia) irá afetar as coisas”, disse a fonte. “Esperamos que a mudança para a democracia no Egito aconteça sem violência, e que o acordo de paz permaneça.”

Merkel também pediu ao Egito que respeite o tratado com Israel, e disse que os novos ocupantes do poder devem dar um rumo “irreversível e pacífico” aos acontecimentos.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que “a França espera ardentemente que as novas autoridades egípcias tomem as medidas que conduzam à criação de instituições democráticas através de eleições livres e transparentes”, segundo comunicado emitido pelo Palácio do Eliseu.

Em Gaza, um enclave palestino que sofre um bloqueio comercial de Israel e do Egito, moradores soltaram rojões e dispararam tiros para o alto em sinal de celebração,

Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo islâmico Hamas, que governa o território, pediu aos novos líderes egípcios que suspendam o bloqueio.

“A renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak, é o começo da vitória para a revolução egípcia”, disse ele. “Tal vitória foi resultado dos sacrifícios e da obstinação do povo egípcio.”

Amr Moussa, egípcio que é o secretário-geral da Liga Árabe, descreveu a revolta popular como uma “revolução branca” e prometeu contribuir com a busca por um consenso nacional.

O conselho de assessores do emir do Catar qualificou a renúncia de Mubarak como “um passo positivo e importante rumo às aspirações do povo egípcio de obter democracia, reformas e uma vida de dignidade”.