Os problemas pelos quais o Japão atravessa, depois de ser atingido por um grande tremor de terra, podem ajudar o Fluminense a acertar com seu novo treinador. Nome preferido de Peter Siemsen, Levir Culpi foi procurado na noite desta sexta-feira pelo próprio presidente tricolor, que acenou com a possibilidade do atual técnico do Cerezo Osaka assumir o comando da equipe das Laranjeiras. A princípio, Levir cogitou declinar da proposta por conta de seu vínculo com o time japonês (o contrato vai até dezembro deste ano), mas as informações desencontradas sobre a real situação do país e o risco da radioatividade fazem com que o treinador pense em voltar ao Brasil.

– As noticias são desencontradas. O problema maior é a radioatividade. Você nunca sabe se o governo fala a verdade. Osaka fica a 600km de onde tudo aconteceu, mas não se sabe o real risco. E começa a haver uma certa neurose. Já se fala que a água está contaminada e faltam peixes no mercado. Os técnicos brasileiros voltaram todos. Não sei se é o caso de fazer isso também. Me sinto mal de sair, deixar o grupo, deixar os jogadores. Parece que fiquei com medo, deixei todo mundo no mão e fui me refugiar no meu país. Estou escrevendo um livro dizendo que as pessoas deveriam ficar, ajudar na reconstrução do país. Estou sendo muito sincero. Se não fosse o risco da radioatividade, eu ficaria por sentir que devo fazer isso. Mas assim, tenho que pensar muito bem. Falei com o Peter que daria a reposta nos próximos dias. Aqui, já é quase domingo e não resolverei nada neste dia. Mas, na segunda, vou conversar com os dirigentes do clube. Não gostaria de desapontá-los. Mas o campeonato nacional está paralisado e não há perspectiva de volta.

Um dos fatores que mais animam Levir a comandar o Flu é o fato de que foram os próprios jogadores a sugerirem sua contratação em conversas com o presidente Peter Siemsen. Entre o grupo que defende o seu nome está o capitão Fred, com quem Levir trabalhou no Cruzeiro, em 2005. O ex-jogador Washington também foi consultado e aprovou o nome.

– Foi a coisa que eu mais fiquei feliz. Estou há quatro anos longe do país e lembraram de mim. É um negócio muito bacana. Os caras estão no dia a dia com a gente. Essa que é uma indicação técnica. É confiança em seu trabalho. Assim que se forma um time vencedor.

Levir deixa claro que a situação financeira não será um empecilho caso decida voltar ao Brasil para defender o Fluminense.

– Não é uma questão de financeiro. Estou há três anos ganhando menos do que ganharia no Brasil. Mas tenho muito respeito de todos no Cerezo. Isso para mim vale mais que dinheiro. Mas quando você recebe um convite de um time como o Fluminense, um time que pode ganhar vários títulos, fica balançado, claro.

Além do Fluminense, o Santos também manifestou interesse no treinador. As conversas com o Peixe, entretanto, foram há alguns dias e não houve evolução.

– Falei com um diretor do Santos há pouco tempo, mas não negociamos nada concreto. É um grande time também.