A deterioração nas contas públicas brasileiras foi “brusca” e impedirá que o Brasil alcance a meta de superávit primário de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório divulgado hoje (27), o organismo econômico elevou a projeção de déficit nominal para o país e criticou o aumento dos gastos nos últimos dois anos.

O FMI elevou para 3,1% do PIB a projeção de déficit nominal do Brasil em 2011, 1,9 ponto percentual a mais que a estimativa anterior, divulgada em novembro. Foi a maior subida entre as 14 economias pesquisadas.

O déficit nominal leva em conta o pagamento dos juros da dívida pública, que são desconsiderados no resultado primário. O FMI não especificou se o descumprimento da meta de superávit primário refere-se a 2010 ou 2011. O resultado das contas públicas no ano passado só será divulgado pelo Banco Central na próxima segunda-feira (31) e o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia admitido que a meta de 3% do PIB não seria alcançada.

De acordo com o FMI, a piora nas perspectivas para as contas públicas brasileiras ocorreu por causa de gastos empenhados (autorizados) nos últimos meses do ano passado, além da não repetição de receitas obtidas em 2010. O fundo afirmou que os países emergentes precisam reequilibrar as contas públicas com urgência para evitar o superaquecimento e manter a credibilidade das autoridades econômicas.

Para a organização internacional, o aumento da arrecadação em muitos países emergentes no ano passado foi usado para financiar gastos maiores. “Muitos países emergentes precisam reconstruir mais rapidamente a proteção fiscal para responder às preocupações de superaquecimento, criar espaço para responder a qualquer desaceleração econômica e evitar recaídas em políticas pró-cíclicas que possam enfraquecer a credibilidade”.

Sobre o Brasil, o FMI classificou de “particularmente brusca” a deterioração das contas fiscais e afirmou que a meta de superávit primário não será alcançada por uma grande diferença”. “Espera-se agora que o governo não alcance a meta fiscal [superávit primário de 3% do PIB] por ampla margem”.