O Ministério da Fazenda já trabalha na elaboração de medidas que poderão ser adotadas para garantir um crescimento econômico mais forte em 2012. Na avaliação da equipe do ministro Guido Mantega, o cenário internacional continuará negativo por um período prolongado, o que irá comprometer a capacidade de expansão das economias mundial e brasileira.

Por isso, os técnicos começaram a estudar ações para impulsionar o mercado interno, numa estratégia semelhante à utilizada em 2009, depois do agravamento da crise financeira iniciada nos Estados Unidos, que teve seu ápice com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers.

Entre o rol de medidas em estudo está a retirada de parte das travas impostas entre o final de 2010 e o início deste ano ao crédito. A fixação de normas mais duras para a concessão de empréstimos foi importante para o governo conseguir uma moderação no ritmo de expansão dos financiamentos.

O reforço do caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é outra medida que será lançada, conforme revelou o `Estado” na semana passada. O banco de fomento ainda tem R$ 25 bilhões a receber de uma linha de financiamento de R$ 55 bilhões. A Fazenda ainda não definiu, entretanto, o volume que será liberado este ano.

Além da situação na , o cenário da economia dos Estados Unidos é outro fator que preocupa a Fazenda e justifica o início do trabalho de coordenação de expectativas para o acionamento de medidas de estímulo.

Para os integrantes da equipe de Mantega, as perspectivas para a economia americana também pioraram. O aviso dado pelo presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, sobre o ritmo “lento e frustrante” do ritmo de progresso econômico nos Estados Unidos contribuiu para espalhar mais pessimismo em torno das perspectivas para a atividade global em 2012.

“É preciso evitar um tombo maior no crescimento”, resumiu uma fonte do governo ao `Estado”. “Temos que acelerar”, completou. Para a Fazenda, os dados sobre o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre, que serão divulgados no início de dezembro, devem sustentar a decisão de adotar as medidas de estímulo. Isso porque a expectativa é de um trimestre muito mais fraco do que o estimado inicialmente pelo governo.

A maior preocupação continua, no entanto, sendo o comportamento da inflação. “Tudo será feito para não comprometer o trabalho de controle da inflação”, afirmou a fonte. No mercado financeiro, alguns analistas consideram precipitada a ideia de reverter as chamadas medidas macroprudenciais. “Agora que as coisas estão ficando ruins, o governo deveria sinalizar um corte maior da Selic e não o fim das medidas macroprudenciais”, afirmou o economista Aloiso Teles, da Nomura Securities, em relatório para clientes. “É claro que eles sempre têm a opção de fazer isso se as coisas piorarem, mas eles devem primeiro colocar a Selic num patamar muito menor antes de usar crédito ou política fiscal”, acrescentou.