Cerca de 100 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, região central de São Paulo para comemorar a renúncia do presidente do , Hosni Mubarak. Com bandeiras do país do norte da África e do Brasil, eles gritavam e cantavam para comemorar a liberdade do país.

Egípcio vivendo no Brasil há mais de 20 anos, Ashref (que não quis dar o nome completo para a reportagem), 46 anos, estava no ato e diz que o que aconteceu em seu país de origem “serve de lição para os políticos e para o mundo inteiro”.

“Não podíamos nem falar por causa de Mubarak. Agora o Egito vai se levantar”, comemora. “Todos pedimos para Deus colocar pessoas melhores no governo para governar o país, que merece o que há de melhor para ser reconstruído depois deste desastre que durou 30 anos”.

Karina Ussed, 50 anos, também vive há mais de 20 anos no Brasil, e acredita que a queda de Mubarak teve muita ajuda dos jovens do país. “Acho muito importante o que aconteceu para os jovens egípcios. Aguentaram por 30 anos o governo Hosni Mubarack e agora precisam de liberdade. O governo tem que renovar muitas coisas no estatuto, dar trabalho e alimento para o povo.

Filha de egípcios, Camila Diab, de 23 anos, participava do ato na Paulista e afirma que o momento é histórico para o país na qual descende. “É bom ver as mulheres tomando a frente e saber que a mulher muçulmana também tem voz”. Como mudança para o país, a jovem destaca a liberdade de expressão e o voto para presidente.

O presidente da associação islâmica de São Paulo, Mohamad El Kadri, reforça a força de 13 milhões de pessoas nas ruas do Egito. “Chamamos movimentos sociais, partidos políticos e entidades árabes do Brasil querem prestar sua solidariedade e dizer para o povo do Egito, a quem nós apoiamos e estamos com sua luta”.

Ele acredita que a transição de poder será delicada para se ter uma reforma na constituição, nova eleição para deputados e para presidente. “Um conselho de militares está no poder, é preciso ter cuidado porque os militares têm uma visão diferente e talvez não deixem o poder com tanta facilidade”.

Além de egípcios e descendentes, representantes e simpatizantes de partidos como Psol, PSTU e da Central Única dos Trabalhadores estavam presentes no ato. Eles gritavam frases como “trabalhadores no poder do Egito”, “fora ianques” e “fora ditadura”.

De acordo a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), o ato na Av. Paulista seguiria até o escritório do Egito, localizado próximo ao número 700, mas, como Mubarak renunciou, a passeata foi cancelada.