O sociólogo e cientista político Emir Sader recebeu ontem pela manhã um telefonema do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, informando que não assumirá mais o cargo de diretor da Fundação Casa Ruy Barbosa.

Foi o fim de uma polêmica que rifou do governo um dos intelectuais mais bem cotados dentro da cúpula petista. Numa entrevista publicada na “Folha de S. Paulo”, no domingo, o sociólogo chamava a ministra da Cultura Ana de Hollanda de “meio autista” e criticava também os compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, ex-ministro da Pasta.

Amigo de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, tanto no governo Dilma quanto no de Luiz Inácio Lula da Silva, Sader ainda não havia sido nomeado para o cargo. Além de atacar a ministra, queria transformar a Fundação Casa Ruy Barbosa, dedicada à preservação de acervos literários e pesquisas históricas e a debates sobre a cultura brasileira, num centro de debates políticos.

A polêmica criada pelo sociólogo não agradou à presidente Dilma Rousseff, que em reunião de gabinete e sem consultar a ministra Ana de Hollanda decidiu não mais nomeá-lo. Ainda tentando se salvar, nos últimos dias, Sader chegou a alegar à ministra que não tinha feito as acusações, mas o jornal pôs em seu site o áudio da entrevista.

Volta e meia, Emir Sader está envolvido em polêmicas. Chegou até ser condenado em primeira instância, em 2006, por injúria por ter publicado em seu blog, hospedado na revista eletrônica “Carta Maior”, a acusação de que o então senador do PFL (hoje DEM) Jorge Bornhausen (SC) era racista. Naquela época, Bornhausen havia dito que “o Brasil precisava livrar-se dessa raça”, em referência ao PT. No ano passado, quando Marina Silva crescia nas pesquisas, Sader disse que a candidata do PV era “a falência do movimento ecológico brasileiro”. E ainda acusou o candidato à vice de Marina, o presidente da Natura Guilherme Leal, de ter uma falsa preocupação ecológico para beneficiar sua empresa.

Mesmo assim, Sader é bem quisto pelo ex-presidente Lula. Quando esteve no Rio, há duas semanas, Lula, que conversou apenas com políticos, o recebeu para discutir sobre a fundação de seu instituto.

Sader organizou, no Rio, logo após o primeiro turno, um evento repleto de artistas para apoiar a então candidata Dilma. Passou a ser cotado para ser ministro da Cultura. Mas como Dilma preferia uma mulher para o cargo, foi indicado ao segundo escalão.

De volta ao blog, Emir Sader acusou a direita e a mídia de terem reagido a suas propostas. E voltou a criticar ministra.