O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), marcou para quarta-feira (23) a reunião para instaurar o processo contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em vídeo, ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo um pacote de dinheiro das mãos de Durval Barbosa, pivô do escândalo de corrupção que ficou conhecido como mensalão do DEM. A partir da abertura de processo e da escolha do relator, o colegiado terá 90 dias para analisar o caso e enviar o relatório ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).

Araújo deve anunciar o relator do caso entre a tarde desta segunda-feira (21) e a manhã desta terça (22). O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) é um dos cotados para assumir a função. Araújo disse que está conversando com outros nomes. O deputado baiano contou que a própria Jaqueline Roriz telefonou para ele após a instalação do Conselho de Ética, na última quarta (16).

“Ela me telefonou. Foi meia-hora depois de terminar a reunião em que fui eleito presidente do conselho. Queria saber o que deveria fazer. Eu disse a ela: ‘contrate um bom advogado’. Era o que eu poderia aconselhar nessa hora. Foi o melhor conselho que eu poderia dar”, relatou Araújo.

Além do processo no Conselho de Ética, a deputada do PMN responde a outro processo na Corregedoria da Casa. Nesta segunda, ela foi notificada por meio do “Diário Oficial da União” a apresentar defesa em cinco dias úteis à Câmara, no processo que investiga o recebimento de maço de dinheiro de Durval Barbosa. A intimação saiu na publicação porque a parlamentar não foi encontrada por três vezes pela Corregedoria da Câmara.

Em nota, Jaqueline Roriz já alegou que os recursos recebidos do delator do esquema de corrupção teriam custeado a campanha para deputada distrital, em 2006, e não teriam sido registrados na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.

Conselho de Ética

Na primeira reunião do ano, no dia 16 de março, o Conselho de Ética da Câmara recebeu representação para investigar a possível quebra de decoro parlamentar praticada por Jaqueline Roriz. Com a abertura do processo no Conselho, ela poderá até renunciar ao mandato, mas não escapará de ser investigada pelos deputados.

A representação que pede a cassação da deputada do Distrito Federal foi apresentada pelo PSOL. “Estou aqui para trazer uma representação contra a deputada federal Jaqueline Roriz, que mereceu confiança do povo de Brasília para exercer esse honroso mandato, mas que não ofereceu ao povo a oportunidade de saber o que ela negou com veemência, de uma suposta participação no esquema de corrupção de Brasília”, afirmou o líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ).

Alegando problemas de pressão, Jaqueline se licenciou na última segunda-feira das atividades da Câmara por cinco dias. O prazo já se esgotou, mas a deputada não apareceu no Congresso nesta segunda. A assessoria da parlamentar afirmou que ela está em São Paulo, acompanhando a cirurgia do pai, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz.