Criança é achada após 3 anos com a ajuda de Twitter

A reaparição de uma criança desaparecida há três anos teve grande repercussão na China e expôs o emergente poder de comunicação dos microblogs no país. Lele foi reencontrado pelo próprio pai, Peng Gaofeng, um trabalhador de baixa renda, com a ajuda da internet e devolvido à família na semana passada. A chegada do menino à […]

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A reaparição de uma criança desaparecida há três anos teve grande repercussão na China e expôs o emergente poder de comunicação dos microblogs no país. Lele foi reencontrado pelo próprio pai, Peng Gaofeng, um trabalhador de baixa renda, com a ajuda da internet e devolvido à família na semana passada.

A chegada do menino à cidade de Qianjiang foi marcada com uma grande festa, acompanhada por uma multidão. Peng Gaofeng usou um site de microblogging parecido com o Twitter para encontrar o filho, em um caso que causou grande comoção no país.

O Twitter é proibido na China, mas serviços parecidos com o site contam com dezenas de milhões de usuários. E são esses sites que dão a cidadãos comuns do país uma voz que eles nunca tinham tido.

“Eu o encontrei graças à ajuda de todo tipo de pessoa, usando a grande plataforma que é a internet”, disse Gaofeng, que agradeceu a todos o que ajudaram nas buscas.

Desaparecidos

Estima-se que até 20 mil crianças sejam sequestradas por ano na China. Algumas são vendidas para quadrilhas e usadas na mendicância. Outras são vendidas para famílias que não têm filhos.

Nos últimos dois anos, a polícia tem feito campanha contra o tráfico de crianças e disse que conseguiu resgatar 6.700 crianças.

Mas o caso de Lele a sua descoberta pelo seu pai, usando a internet, foram incomuns.

O sequestro de Lele, levado por um estranho em frente à loja de seus pais quando tinha apenas três anos, tinha sido filmado por uma câmera de segurança. Mesmo assim, a polícia não conseguiu encontrar a criança.

O pai, Peng Gaofeng, viajou pela China em busca de seu filho, colocou cartazes nas ruas e apareceu na televisão. O caso passou a chamar grande atenção no país e começou a incomodar as autoridades, que o pressionaram a desistir da campanha para encontrar seu filho.

“Ao fazer a campanha abertamente, nós prejudicamos a imagem que o governo quer passar, de que esta é uma sociedade harmoniosa”, disse Gaofeng à BBC enquanto fazia campanha.

Seguidores

O caso Gaofeng foi acompanhado e registrado pelo jornalista Deng Fei, cujo perfil em um site de microblogging, tem 2 milhões de seguidores. Na China, mais de 100 milhões de pessoas usam microblogs.

Deng Fei postou a foto de Lele e pediu ajuda. A resposta foram fotos de Lele, tiradas em uma cidade na província de Jiangtsu, a 2.000 km de onde foi levado.

Lele tinha sido levado por um homem que, aparentemente, queria ter um filho. Ele teria dito à sua esposa que Lele era seu filho com outra mulher. O pai verdadeiro foi para a província e esperou enquanto a polícia local investigava. Até que os policiais lhe devolveram o garoto, agora com seis anos de idade.

“Não importa onde você for, eu encontrarei você”, disse o pai abraçado ao filho.

A história fez com que muitos na China descobrissem a força do microblogging. “Essas ferramentas quebram o monopólio de informação, que pode fluir livremente pela China. E pode mudar muitas coisas que estavam escondidas do público”, disse o jornalista Deng Fei.

Como o sequestrador morreu em janeiro, a família de Lele resolveu que não vai processar a família dele.

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