Nem a força do grupo, muito menos o talento individual. Na primeira partida da decisão do Campeonato Paulista, neste domingo, entre Corinthians e Santos, no estádio do Pacaembu, ninguém fez a diferença. O placar do duelo, então, ficou mesmo no 0 a 0. A segunda partida será no dia 15 de maio, na Vila Belmiro.

E lá na Baixada Santista, quem vencer, por qualquer que seja o placar, leva a taça de campeão. Um novo empate joga a decisão do título para as penalidades. Não há o critério do gol marcado fora de casa, ou seja, um empate com gols (1 a 1, 2 a 2, etc.) leva a decisão para os pênaltis.

Sob o olhar do ídolo Ronaldo, presente nas numeradas do Pacaembu, o Timão até fez um primeiro tempo melhor. Mas não conseguiu concluir com eficiência. Do lado do Santos, o segundo tempo foi mais produtivo – curiosamente, sem Ganso, que se machucou na etapa inicial e é desfalque até mesmo para quarta, na Libertadores. Sem o camisa 10, Neymar chamou a responsabilidade e criou pelo menos três chances claras de gol.

O segundo tempo do clássico decisivo, aliás, foi bem melhor que o primeiro. Bolas na trave, oportunidades para os dois lados, dribles, velocidade… mas nada de gol. Ao menos o resultado evitou que as mamães de corintianos ou santistas ficassem triste neste domingo de comemoração ao dia delas.

Sem talento e sem paciência

“Precisamos ter um pouco mais de paciência”, declarou o atacante Liedson, do Corinthians, na saída para o intervalo. E o camisa 9 tinha razão. Superior ao Santos no primeiro tempo da decisão, o Timão se precipitou em alguns lances, especialmente nos chutes de fora da área. Faltou melhorar o último passe.

Com Paulo Henrique Ganso e Neymar apagados na partida, o Peixe teve dificuldades em chegar ao gol de Julio Cesar. Melhor para o Timão. Com chutes de Paulinho, Bruno César e Fábio Santos, os anfitriões ameaçaram o gol de Rafael. Mas Liedson, quase sempre melhor colocado, abria os braços pedindo a bola.

O zagueiro Wallace, improvisado na lateral direita, no lugar do suspenso Alessandro, ganhou a missão de marcar Neymar. Mas, logo aos 15 minutos, fez falta dura e levou o cartão amarelo. Depois disso, diminuiu a marcação. Um erro. Rápido, Neymar entrou driblando na área e acertou a trave aos 23 minutos.

A resposta corintiana foi imediata. Bruno César puxou o contra-ataque, deixou os marcadores para trás, mas, na entrada da área, bateu por cima do gol, desperdiçando chance incrível. Dependente das boas jogadas de Ganso e Neymar, o Santos se encolhia. Piorou depois que Ganso sentiu lesão muscular.

– O Ganso sentiu a coxa direita. Vamos avaliá-lo no vestiário, mas dificilmente ele volta para o segundo tempo – declarou Maurício Zenaide, médico do Peixe.

Ainda no primeiro tempo, o Corinthians construiu sua melhor chance de abrir o placar. Jorge Henrique rolou para Fábio Santos na esquerda. E o lateral cruzou para Liedson cabecear por cima do gol. Nos últimos segundos, ainda sobrou tempo para o santista Zé Eduardo se estranhar com o corintiano Leandro Castán. Só fumaça.

Enfim, o clima de clássico
A previsão do médico santista se concretizou: Paulo Henrique Ganso não voltou para o segundo tempo (Alan Patrick entrou). Pior ainda: no retorno para o segundo tempo, Zenaide informou que o meia está fora também da partida de quarta-feira, contra o Once Caldas, pela ida das quartas de final da Libertadores.

O problema com Ganso animou o Corinthians. E abateu o Santos. Aos quatro minutos, Edu Dracena vacilou na zaga e viu Bruno César tabelar com Liedson e perder outro gol incrível. E o camisa 9, mais uma vez, abriu os braços reclamando que não recebeu a bola de volta. Mas o meia estava de frente para o gol.

Sem Ganso, Neymar resolveu chamar a responsabilidade. E começou a fazer a diferença aos nove minutos, quando deu passe para Danilo tocar por cima de Julio Cesar. Chicão salvou em cima da linha. Nos minutos seguintes, Neymar chutou cruzado, obrigando Julio Cesar a fazer boa defesa, e também acertou o travessão.

Aos 13 minutos, percebendo que o Corinthians perdera espaço no jogo, o técnico Tite resolveu mudar em dose dupla: sacou Dentinho e Bruno César para as respectivas entradas de Willian e Morais. Mas quem se destacou mesmo no Timão foi Leandro Castán, com duas investidas no ataque e dois bons cruzamentos.

Lembram da paciência que faltou ao Timão no primeiro tempo? Então, aos 26 minutos a precipitação prevaleceu. Morais fez grande jogada pela direita e rolou para Paulinho. O volante quis bater de primeira e mandou por cima do gol. O Peixe respondeu com falta cobrada por Elano. A bola passou perto da trave esquerda.

O lance de perigo do Peixe acordou o Timão. Apostando nos contra-ataques, os corintianos pressionaram o adversário no campo de defesa. E acertaram a trave de Rafael com Liedson, aos 40. Depois de 90 minutos (mais acréscimos), porém, ninguém fez a diferença. E o 0 a 0 imperou no placar do Pacaembu.