O presidente do Legislativo de Campo Grande, Paulo Siufi (PMDB), notificou nesta manhã de quinta-feira (3) o vereador Marcelo Bluma (PV). Ele terá dez dias para explicar porque usa a estrutura da Câmara Municipal, bancada com dinheiro público, para atividades particulares do diretório municipal do PV.

Atualmente Bluma preside a comissão provisória que dirige o diretório municipal do PV em Campo Grande e a sede do partido funciona no gabinete dele. Além da estrutura paga pelos contribuintes para o funcionamento do escritório, como água, energia elétrica e até telefone, os funcionários também trabalham para a sigla.

Numa chamada telefônica gravada, uma funcionária do gabinete, que recebe salário pago com o dinheiro público repassado para a Câmara Municipal, confirmou para a reportagem que, além do telefone, o PV recorre também ao fax e ao e-mail da Câmara para tratar de questões ligadas ao partido.

A atitude, admitida pelo vereador, foi duramente criticada inclusive por militantes do Partido Verde.

Na sessão de hoje, Bluma tentou explicar a atitude. Segundo ele, seria “indissociável” o papel de vereador e a situação de presidente de um partido político. “Não tem como não cuidar dos interesses do PV dentro do gabinete”, disse.

Poucos colegas querem comentar a prática do vereador do PV. Athayde Nery (PPS), empossado a poucos dias, foi um dos que analisou o uso do dinheiro público para resolver questões do partido: “Eu não faria isso. Mas, como estou chegando agora, acho que não tenho ainda como entrar nesse mérito”.

Os comentários sobre o caso, no entanto, dominaram as rodas de conversa na Câmara. “É como se o vereador Ribeiro viesse vender bicicletas no gabinete dele, porque o que o Bluma faz no PV é do interesse dele. Além disso, um partido que se preza deveria ter pelo menos uma estrutura mínima sem depender do desvio de função das verbas na Câmara”, comentava um servidor.