O bebê que sobreviveu à morte da mãe, atropelada por um ônibus no subúrbio do Rio, ainda continua internado em estado grave na UTI neonatal do Hospital Geral de Bonsucesso. A informação foi divulgada neste sábado (29) pela assessoria de imprensa da unidade de saúde.

O atropelamento da mãe do recém-nascido aconteceu na sexta-feira (28), na Rua Cardoso de Moraes, em Bonsucesso. Segundo testemunhas, a mãe atravessava a rua, fora da faixa de pedestres, quando foi atropelada. Ela ficou prensada entre dois ônibus. Com os ferimentos da impacto, o bebê foi expulso da barriga.

De acordo com informações de médicos do hospital, a criança nasceu de um parto premarturo e pesa aproximdamente 1 Kg.

Médico conta como socorreu bebê
O médico Fabrício Carlos Miranda Figueiredo, que socorreu a criança, estava chegando ao trabalho, quando soube do acidente. “Estava na fila do elevador do consultório, quando um rapaz me perguntou se eu tinha visto o acidente. Eu disse que não sabia, mas, não sei por que, decidi ir ao local”, contou ele.

“Quando me deparei com a situação, comecei a fazer os procedimentos. O bebê ainda estava ligado à mãe pelo cordão umbilical”, recorda Figueiredo. “Amarrei o cordão umbilical com um barbante, joguei álcool em uma tesoura e cortei. Eu ia pedindo para as pessoas me trazerem as coisas, e, de alguma forma, arranjaram o que eu precisava”, lembra o médico.

‘Não me considero herói’, diz médico
Logo depois, o bebê e a mãe foram levados por uma ambulância do Corpo de Bombeiros. A mãe não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar ao hospital. “Eu trabalho no resgate da Linha Amarela e já havia feito dois partos lá. Um deles foi dentro da ambulância, tranquilo. Mas o outro foi dentro de um Chevette, e muito mais trabalhoso. Mas nada se compara ao que ocorreu hoje”, conta Figueiredo.

Após ver a criança na incubadora da UTI neonatal, o médico falou com um sorriso no rosto, do lado de fora do hospital. “Ele está deitadinho. Tem o tamanho de uns dois palmos, não mais do que isso. Está tudo dando certo, e espero que continue assim”, disse Figueiredo.

“A atitude dele foi heroica e extremamente importante para que o quadro do bebê não se agravasse ainda mais”, afirmou a diretora do hospital. O bebê deve ficar internado por, pelo menos, dois meses. “Não me considero um herói. Quem trabalha com saúde tem a obrigação moral de ajudar. Herói é o Super-Homem”, disse Figueiredo. “Vou tirar uma foto desse médico guerreiro”, disse uma senhora que acompanhava a entrevista.