BC mudou discurso devido a cenário mais complexo, diz economista

Um conjunto de fatores domésticos e internacionais, como a desaceleração do nível interno de atividade e um cenário externo muito complexo devem ter levado o Banco Central a encolher o comunicado anunciado na última quarta-feira após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), comentou o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, nesta quinta-feira, 21. Para […]

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Um conjunto de fatores domésticos e internacionais, como a desaceleração do nível interno de atividade e um cenário externo muito complexo devem ter levado o Banco Central a encolher o comunicado anunciado na última quarta-feira após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), comentou o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, nesta quinta-feira, 21.

Para ele, o texto “quase lacônico” requer, mais do que nunca, a leitura da ata na próxima semana. Mas, segundo Borges, a inesperada retirada da expressão “período suficientemente prolongado” causou muita curiosidade.

Para o economista, somente a recente desaceleração da inflação no Brasil não justificaria a mudança. O IPCA-15 de julho subiu 0,1%, mas, segundo ele, a retirada de influencias sazonais faz o número saltar para 0,47%, o que “fica próximo a 6% em termos anualizados.” Ele lembrou que a projeção do BC para a inflação ao final de 2012 é de 4,8% e ressaltou que a pesquisa Focus ainda não apurou queda de expectativas para o IPCA para o próximo ano.

Segundo Borges, pode ser que o BC tenha à disposição informações que mostrem que o desaquecimento da economia nacional continua firme no terceiro trimestre. Depois de o PIB ter registrado alta de 1,3% entre janeiro e março deste ano, na margem, ele estima que o ritmo baixou para alta de 0,7% entre abril e junho e deve ficar em uma média de 1% no terceiro e quarto trimestres.

Na avaliação do economista-chefe da LCA, o cenário externo muito preocupante, que combina uma recuperação fraca nos EUA, zona do Euro, e ritmo menos veloz da China, com temores de investidores sobre crise fiscal e de títulos soberanos na Europa, também deve ter influenciado a decisão do Copom de adotar um comunicado mais curto e que amplia as alternativas da estratégia da política monetária.

“Como a situação internacional é muito indefinida e há imensas dúvidas sobre os desdobramentos do que vai ocorrer nos EUA e na Europa no curto prazo, faz sentido o BC ter aumentado o nível de cautela sobre as decisões de política monetária”, comentou.

Para Borges, o BC presidido por Alexandre Tombini mostra maior precaução para elevar os juros do que o que era dirigido em 2010 por Henrique Meirelles. Segundo Borges, essa postura é influenciada pelo “maior harmonia” entre Tombini e Mantega, fato que não era tão marcante na gestão de Meirelles. A posição do BC de exaltar a ênfase das medidas macroprudenciais como um instrumento relevante de política monetária é um das marcas da gestão de Tombini. De acordo com Borges, as medidas macroprudenciais evitam alta de dois pontos porcentuais na Selic neste ano.

Borges diz que, apesar de o comunicado oficial do BC sinalizar que o ciclo de alta da Selic iniciado em janeiro pode estar perto do fim, a Selic deve ser ampliada por mais duas vezes, em 0,25 ponto cada, em 31 de agosto e em 19 de outubro. As altas seriam necessárias para diminuir o avanço da inflação. As apostas do economista é de variação do IPCA de 6,1% em 2011 e 5% em 2012. “Mas pode ser que a ata da reunião de ontem possa motivar uma mudança nas nossas previsões de alta de juros para este ano”, comenta.

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