Aos treze anos, Rafael Diego, está na quarta série e estuda em uma escola municipal de Dourados; seu cd já vendeu mais de mil cópias e seus pais já estão trabalhando na produção de mais um trabalho musical

Rosimar e Ronaldo exultavam de felicidade. Era 15 de janeiro de 1998 e mais um filho do casal ia nascer. Naquele janeiro chuvoso copiosamente o destino iria sorrateiramente pregar uma peça no seio desta família.

Veio ao mundo então aquela criatura que iria provocar profundas transformações nas vidas de Rosimar e Ronaldo Ferreira Gomes. Nascia Rafael Diego, um menino formoso, olhos vivos e sorriso espetacular.

Primeiro veio a alegria do nascimento. Depois o susto ao descobrirem que Rafael, um anjo, trouxe seu corpo carregado de anomalias por causa de uma paralisia cerebral sofrida durante o parto. O casal uniu-se mais ainda em torno do rebento que agora precisava de atenção especial.

Baixa visão, triplegia das pernas e do braço esquerdo, diminuição da massa cerebral e atraso geral no desenvolvimento neuro-psico-motor. Este foi o diagnóstico dos médicos.

Para Rosimar e Ronaldo o susto passou rapidamente, sublimaram o sofrimento e não desanimaram e afastaram a tristeza para milhares de léguas: surgiu a esperança: transformar o garoto numa ave resistente como uma águia.

Rafael começou a crescer e preso nos braços da mãe tornou-se um dependente total. Rosimar largou o empregou: Rafinha tornou-se seu patrão.

A mãe notou que o menino logo ao despertar de uma noite de sono demonstrava um gosto refinado pela música, principalmente aqueles que falavam de motivação e do amor ágape.

As músicas do Padre Zezinho repetidas milhares de vezes acalmavam o espírito de Rafael. A canção useira e vezeira era a “Águia Pequena” composta por Zezinho. Rafael tornou-se para a família a Águia Pequena e como a tal ave diz que: “vou ser quem sou e sendo assim serei feliz” e “não sei me rebaixar, não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho”. Foi assim, observando as palavras música do Padre Zezinho que nasceu a Águia Pequena.

Hoje, aos treze anos de idade, Rafael é um pop-star na Escola Estadual Celso Muller do Amaral onde estuda na quarta série do ensino fundamental. É respeitado pelos professores e colegas e acessibilidade não lhe falta.

Em casa é o mais barulhento e anima os irmãos de 16 e 8 anos de idade, seus amigos e companheiros de brincadeiras gostosas.

A mãe ciosa de seu compromisso de simplesmente amar o filho, tão logo pressentiu que a música trazia Rafael para a realidade junto com o pai passou a incentivar a Águia Pequena para trilhar o caminho da Música.

Aos nove anos de idade contou pela primeira vez em público na escola e na Igreja São Judas Tadeu músicas como “Faz um milagre em mim” de Regis Danese e “Águia Pequena”.

A partir de um contato com a radialista Ozair Sanábria da Rádio Coração as portas se entreabriram e Rafael foi para um estúdio de gravação onde surgiu o seu primeiro CD intitulado “Águia Pequena” em homenagem ao padre que lhe inspirou para a vida plena.

O pai lembra o momento em que propôs ao filho que treinasse a musica do Padre Zezinho. Ao chegar ao estúdio de gravação o sonoplasta pediu que Rafael cantasse outra música que não havia ensaiado.

A Águia Pequena cantou “Faz um milagre em mim” e surpreendeu a todos. O CD passou a ser tocado na Rádio Coração e multiplicaram-se os pedidos dos ouvintes que queriam Rafael cantando mais uma vez.

Mais de mil cópias do CD já foram vendidas e os pais de Rafael já estão trabalhando na produção de mais um trabalho musical.

Enquanto isso, Rosimar como uma formiguinha corre prá-lá-e-prá-cá carregando a Águia Pequena em sua cadeira de rodas e em busca de recursos para a Associação Alecrim uma organização não governamental criada por ela para atender as crianças e dar apoio às sessenta famílias que lutam para garantir a vida para seus filhos que são portadores de deficientes.

A vida continua. Rafael continua estudando e cantando. Com continua sorrindo e mostra que além da música tem infinitas habilitadas. Toca o berrante pantaneiro como a maestria de berranteiro de comitiva. Mas a maior habilidade da Águia Pequena é voar livre, viver livre mesmo preso nas impossibilidades da sua cadeira de rodas. Acima disso a maior das habilidades de Rafael está na capacidade de amar a Deus e a seus pais e irmãos como pinceladas de gratidão.

Rafael continua uma águia pequena que está pronto para voar para os penhascos mais elevados em busca da felicidade sem trair seus ideais para ser feliz.

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