As ações do Banco PanAmericano dispararam 22,54%, a R$ 5,22, no pregão desta quarta-feira após a compra do controle da instituição pelo BTG Pactual. Ainda restam dúvidas, porém, sobre o tamanho do rombo nas contas do banco vendido pelo Grupo Silvio Santos.

As ações do Banco PanAmericano dispararam 22,54%, a R$ 5,22, no pregão desta quarta-feira após a compra do controle da instituição pelo BTG Pactual. Ainda restam dúvidas, porém, sobre o tamanho do rombo nas contas do banco vendido pelo Grupo Silvio Santos.

O BTG Pactual anunciou na noite de segunda-feira a compra do controle do problemático Banco PanAmericano por R$ 450 milhões, em uma operação que marca a entrada do conglomerado financeiro de André Esteves no varejo bancário. O BTG acertou a aquisição da totalidade da participação do Grupo Silvio Santos no Panamericano, assumindo 51% das ações ordinárias do banco e quase 22% das preferenciais, representativas de 37,6% do capital total.

“A aquisição representará a criação de uma quarta linha de negócios para o Banco BTG Pactual no Brasil. O PanAmericano será uma plataforma independente de distribuição de produtos e crédito para o varejo”, disse Esteves, presidente-executivo do BTG Pactual, em comunicado. A instituição já atuava nas áreas de banco de investimentos, gestão de recursos e gestão de fortunas. O próprio Esteves chegou a negar, no final do ano passado, interesse do BTG em entrar no varejo bancário.

Em novembro, o Grupo Silvio Santos, na condição de controlador do PanAmericano, anunciou aporte de R$ 2,5 bilhões no banco, obtidos com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), para cobrir problemas na contabilidade da instituição. Na semana passada, jornais publicaram notícias afirmando que a nova diretoria do PanAmericano teria descoberto que o rombo contábil seria ainda maior, totalizando ao redor de R$ 4 bilhões. Havia expectativa de que o banco divulgasse até 31 de janeiro seu balanço com o detalhamento das falhas, o que acabou não ocorrendo.

Sociedade

Em dezembro de 2009, a Caixa Econômica Federal- controlada pelo governo – comprou 49% do capital votante e 20,7% das ações preferenciais do Panamericano por R$ 739,2 milhões. BTG e Caixa firmaram acordo de acionistas envolvendo suas participações no PanAmericano. Segundo o BTG, a Caixa “reiterou seu compromisso de manutenção da parceria estratégica com o PanAmericano, através do fechamento de um acordo de cooperação, por meio do qual adquirirá direitos creditórios e aplicará em depósitos interfinanceiros do PanAmericano”.

Será realizada uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) aos acionistas minoritários do Panamericano nas mesmas condições oferecidas ao acionista controlador pelo preço de R$ 4,89 por ação, o que representa um prêmio de quase 15% sobre a cotação da ação preferencial do PanAmericano no fechamento da bolsa na segunda-feira.

O negócio ainda precisa do crivo do Banco Central, que foi quem identificou que o PanAmericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras, inflando o resultado do banco. O BC iniciou uma investigação para apurar responsabilidades e a Polícia Federal abriu inquérito para apurar eventual prática de crimes contra o sistema financeiro nacional envolvendo o PanAmericano.

O comunicado do BTG não faz alusão aos problemas contábeis no PanAmericano nem ao empréstimo tomado do FGC. O sócio do BTG Pactual José Luiz Acar Pedro será o novo presidente-executivo do PanAmericano, que terá atuação independente do BTG Pactual, de acordo com a instituição. “Investiremos em sistemas, processos e aprimoramento da eficiência, além de criação de novos produtos e suporte aos clientes, franqueados, promotores de venda e na intensificação da nossa parceria com a Caixa”, afirmou Acar, em nota.

Entenda

O PanAmericano anunciou em novembro que o Grupo Silvio Santos, seu controlador, iria aportar R$ 2,5 bilhões na instituição para restabelecer o equilíbrio patrimonial e a liquidez, após “inconsistências contábeis” apontadas pelo Banco Central (BC). Um processo administrativo de investigação apura a origem e os responsáveis pelo problema de falta de fundos.

A injeção de recursos no banco foi feita por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma entidade sem fins lucrativos que protege os correntistas, poupadores e investidores. São as instituições financeiras que contribuem com uma porcentagem dos depósitos para a manutenção do FGC – sem recursos públicos.

A holding do Grupo Silvio Santos colocou à disposição empresas como o SBT e a rede de lojas do Baú da Felicidade, entre outras, como garantia pelo empréstimo, que tem prazo de dez anos. Especializado em leasing e financiamento de carros, o PanAmericano teve 49% do capital votante vendido para a Caixa Econômica Federal em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões. Com autorização do BC, as atividades das lojas e o atendimento ao público continuam sem problemas.