Testes realizados após a morte de Isabella Nardoni, 5, apontam que ela foi jogada do sexto andar do edifício London pelo pai, Alexandre Nardoni, segundo depoimento da perita Rosângela Monteiro. Ela começou a ser ouvida às 10h25 desta quarta-feira, terceiro dia de júri de Nardoni e Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella.

De acordo com a perita, foram enviadas para análise as roupas de Nardoni, Jatobá e Isabella, sendo que nas dele eram visíveis a olho nu as marcas da tela de proteção da janela de onde a menina caiu.

Para determinar que tipo de ação poderia produzir as marcas encontradas na roupa de Nardoni, foram realizados quatro testes com um modelo de mesmo peso e altura que a dele. Os testes foram realizados na mesma tela do apartamento, e, no júri, a perita mostrou fotos e slides detalhados do objeto.

Nos dois primeiros, o modelo apenas olhou para baixo e colocou uma parte do corpo para fora da janela. As marcas no modelo foram incompatíveis com as marcas da camisa de Nardoni.

No terceiro teste, o modelo colocou os dois braços para fora, mas sem carregar nenhum objeto. As marcas nas camisas do modelo e de Nardoni foram semelhantes, mas ainda ainda incompatíveis.

No quarto teste, o modelo colocou os dois braços para fora carregando um peso de 25 kg –peso aproximado de Isabella– e as marcas das duas camisas foram totalmente compatíveis. Além disso, os peritos perceberam que o corpo de quem jogou a menina ficou pressionado contra a tela, sendo necessário virar o rosto para o lado direito.

A análise da parede externa do prédio constatou também que primeiro foi solto o braço esquerdo de Isabella, em seguida seu corpo foi abandonado pelo braço direito.

Nesta primeira parte do depoimento, a perita respondeu às perguntas do juiz e do promotor Francisco Cembranelli, que questionou o motivo de, na reprodução simulada (reconstituição feita sem a presença dos réus) não ter sido usada a tela original do apartamento. Monteiro disse que a tela não poderia ser usada por estar no Instituto de Criminalística, mas que tentou reproduzir da melhor forma consultando especialistas.

Cembranelli perguntou também o porquê de a boneca usada da simulação não ter sido jogada do sexto andar. A perita disse que não é prática comum, já que mesmo que fosse jogado o mesmo corpo, a queda não ocorreria da mesma forma e o teste seria inconclusivo.

Monteiro disse que não é comum reproduzir a versão dos réus na reprodução simulada, mas afirmou que versão apresentada pelo casal foi refeita a pedido da delegada Renata Pontes. O motivo foi cronometrar o tempo gasto nesta versão, mas a perita não disse qual foi.

A perita, testemunha comum à defesa e à acusação do casal, é a primeira a ser ouvida nesta quarta. O depoimento começou às 10h25 e foi interrompido para almoço às 13h15, por 50 minutos.

No início do depoimento, a perita afirmou que Isabella foi ferida fora do apartamento. Segundo ela, as marcas de sangue encontradas no imóvel apontam que a menina era carregada quando entrou no local e estava a uma altura de 1,25 m. A perita diz que Isabella tinha 1,20m e, se estivesse andando, as marcas de sangue não seriam as mesmas, pois teriam escorrido pelo corpo.

Júri

O júri do casal Nardoni começou segunda-feira (22), com previsão para durar cinco dias.

Na terça (23), segundo dia do júri, foram ouvidas três pessoas : a delegada Renata Helena Silva Pontes, o médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alves –ambos testemunhas comuns à defesa e à acusação–, e o perito Luís Eduardo Carvalho, que veio da Bahia convocado pela Promotoria. Na segunda-feira (22), já tinha sido ouvida a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira.

Após cada dia de julgamento, o casal Nardoni está sendo levado para unidades prisionais da cidade de São Paulo. Alexandre está passando a noite do CDP ( de Detenção Provisória) de Pinheiros e Anna Carolina Jatobá na cadeia feminina do Estado, localizada no complexo do Carandiru.