Tereré vira bem imaterial de Mato Grosso do Sul

O Tereré – bebida feita com a infusão da erva-mate e servida com água gelada e que se toma com bomba em um recipiente feito com chifre de boi denominado guampa – foi reconhecido como Bem Imaterial do Estado pelo Conselho Estadual de Cultura, no dia 04 de agosto. A iniciativa partiu da Prefeitura de […]

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O Tereré – bebida feita com a infusão da erva-mate e servida com água gelada e que se toma com bomba em um recipiente feito com chifre de boi denominado guampa – foi reconhecido como Bem Imaterial do Estado pelo Conselho Estadual de Cultura, no dia 04 de agosto.

A iniciativa partiu da Prefeitura de Ponta Porã, cidade conhecida como “Princesinha dos Ervais” por ter a história ligada ao ciclo da Erva-Mate. Mas, a bebida foi considerada como um símbolo imaterial de todo o Estado e dentro de 15 dias, se não houver manifestação contrária, o Decreto de Patrimônio deve ser publicado.

A decisão de tornar a bebida um bem em nível estadual partiu da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, sob a alegação que há apaixonados espalhados por todo o Estado. Em Corumbá não é diferente.

O tereré está presente também na vida dos corumbaenses de todas as idades. Numa rápida circulada pela cidade, a reportagem deste Diário encontrou “em cada esquina”, um grupo de pessoas tomando a bebida.

“Quase todos os dias nos sentamos em frente à minha casa para tomar o tereré e conversar. Os dias certos de nos reunirmos são às segundas e quartas, sempre à noite. São os dias em que não temos cultos em nossa igreja. Chegamos a nos reunir entre 8 a 10 meninos, com idades de 12 a 17 anos”, contou o jovem Otaniel Frances Mendonça.

Na casa de Otaniel, o tereré é bem “familiar”, pois todos que ali se reúnem, fazem parte de uma mesma família. “É muito bom quando nos reunimos para tomar o tereré e conversar, o clima fica bem melhor. É bom porque se alguém tem problemas, aproveitamos esta hora para conversar. É um espaço onde falamos de tudo em nossas vidas e o que acontece no dia a dia”, disse João Pedro Montanha Cordeiro.

“A temperatura pode estar baixa, mas se tiver um solzinho, a gente não deixa o tereré de lado”, contou David César Cano Estevão, ao apreciar a bebida enquanto a temperatura na cidade estava na casa dos 22 graus Celsius.

Os amigos contaram que a bebida é apreciada tanto no frio, quanto no calor e que eles a consomem o dia todo. “Tomamos tereré o dia todo. Cada hora chega um para tomar também. Um chega da escola, outro do serviço, é o momento que temos para conversar ou até jogar um videogame”, disse Luiz Eduardo Gomes de Medeiros.

Os corumbaenses reconhecem que apesar de a bebida ter vindo de longe, já faz parte da cultura estadual. “É muito bom que o tereré tenha recebido esse reconhecimento, pois ele faz parte do cotidiano de muitos sul-mato-grossenses”, afirmou Luiz Mário Soares da Silva, 35 anos.

O processo de registro de patrimônio imaterial lembra que o tereré é uma tradição passada por gerações e que a “roda” elimina diferenças sociais e promove interação.

Segundo a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, com o registro, o Estado passa a tomar medidas para salvaguardar o patrimônio, como promoção de eventos e divulgação. Outro exemplo de Bem Imaterial é o Banho de São João, em Corumbá.

Origem

A bebida tereré, assim como todos os aspectos a ela relacionados, é uma tradição praticamente inerente ao Paraguai, mas há variações regionais sobre a sua preparação e formas de consumo.

Normalmente é consumida em rodas de amigos ao final da tarde e todos compartilham da mesma guampa. Utiliza-se, muito frequentemente, a expressão “téres” no lugar de tereré, um processo natural de supressão de fonema ou de sílaba pelo qual passam algumas palavras.

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