Sem conseguir um encontro com o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), o secretário extraordinário de Educação, Afonso Brito, aproveitou a presença da imprensa na Superintendência da Polícia Federal para sair em defesa do chefe. Ex-professor e amigo da família, Britto repetiu o discurso da defesa e afirmou que o governador é vitima de uma armação e de injustiça das “instituições”.

Segundo o secretário, Arruda não teve direito a se defender. Brito minimizou o bilhete que comprovaria o envolvimento de Arruda na tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção afirmando que “fatos são indícios e não provas”. “Fatos não comprovam, quando muito, apresentam indícios. Uma grande verdade, às vezes, é uma grande mentira”, disse.

Brito deixou de presente para o governador o livro “Os quatro gigantes da Alma”, um título de autoajuda que fala de ira, amor, dever e ciúme. O ex-professor disse acreditar na inocência de Arruda, principalmente, pela educação que recebeu dos pais. “Conheço o governador desde os dez anos. É impossível que o Arruda, sendo filho de pais honestos como é, tenha prevaricado”, afirmou.

Nos últimos dias, mesmo com o feriado de Carnaval, o movimento em frente à Polícia Federal, em Brasília, não para. Várias pessoas foram até o local para levar presentes ou até mesmo protestar.

Na quinta-feira, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou a prisão de Arruda e de mais cinco pessoas pela tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do inquérito policial que investiga denúncias de arrecadação e pagamento de propina por parte do governador a integrantes de sua base aliada.

Isolado em uma sala da INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF, Arruda tem recebido refeições caseiras e cuidados médicos. Segundo o advogado José Gerardo Grossi, Arruda está “naturalmente abatido” e já estaria se conformado com a prisão que pode levar até 83 dias –de acordo com os prazos da prisão preventiva.

A defesa ainda avalia a possibilidade de pedir um relaxamento de prisão nos próximos dias, caso o STF (Supremo Tribunal Federal) demore a julgar o mérito do pedido de liberdade que foi negada, na semana passada, pelo ministro Marco Aurélio Mello.